terça-feira, 21 de maio de 2013

Nilma Gomes é a 1ª reitora negra de Universidade Federal

Nilma Lino Gomes assume a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) como a primeira reitora negra do País. Entre tantos desafios, está ampliar as relações internacionais com os países de língua de expressão portuguesa. Leia a seguir entrevista publicada pelo jornal O Povo nesta segunda-feira (20).

A professora mineira Nilma Lino Gomes tomou um susto quando foi convidada para ser reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) no início deste ano. A proposta veio do colega Paulo Speller, reitor-fundador da primeira universidade internacionalizada do Brasil, fincada no Maciço de Baturité, em Redenção, a 40 quilômetros de Fortaleza. Passada a surpresa, veio a percepção do contexto. Seria a primeira mulher negra no comando de uma universidade brasileira.

“Senti-me honrada e, depois do choque, compreendi que o convite tinha a ver com minha trajetória”, afirmou a reitora Nilma Lino em meados de abril, 20 dias após desembarcar em Redenção. Com um sorriso largo e palavras sob medida, à moda de Minas, a doutora em Antropologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutora em Sociologia pela Universidade de Coimbra aborda as questões em torno do racismo no Brasil, tema que elegeu tanto na academia como pesquisadora, quanto como cidadã. “Pedagogicamente, atuo assim; politicamente, atuo assim. Quando o convite chegou, entendi que tinha a ver com meu perfil. Sou uma mulher negra que atua nas questões raciais”, analisa a reitora sobre o porquê de ter decidido deixar Minas Gerais para morar numa cidade que só conhecia de ouvir falar, e ser reitora de uma universidade que havia de concluir a implantação.

Ao longo de quase duas horas, Nilma Lino conversa sobre o trabalho intenso de conhecer o lugar, a universidade e as pessoas, fala sobre as políticas afirmativas em curso no Brasil e diz que o resultado dessa política pelo menos jogou por terra o discurso mítico em torno da democracia racial no País. A seguir, os principais pontos da entrevista.

A senhora já conhecia Redenção antes de vir como reitora para a Unilab?

Nilma Gomes: Não. Eu sabia da universidade e sabia de Redenção pelo meu colega que foi o primeiro reitor Paulo Speller. Fomos colegas no Conselho Nacional de Educação. Quando cheguei ao Conselho, Paulo estava terminando a gestão dele na Câmara de Educação Superior e sempre falava da universidade e de Redenção. Mas não tinha vindo aqui.

Para a senhora, qual o maior desafio para o processo de consolidação da Unilab?

NG: Não sei se teria o maior. Acho que o primeiro desafio é dar continuidade ao trabalho de instalação, de início da universidade, tão nova. Acho que meu grande desafio é dar continuidade e consolidar esse trabalho já iniciado pela gestão do professor Paulo Speller. Outro desafio é nesse processo é ir ampliando e aprofundando cada vez mais esse caráter internacional dessa universidade com os países de língua de expressão portuguesa, em especial os africanos, e com possibilidade de expansão. Nas mais diversas áreas da universidade: pesquisa, ensino, extensão e na própria relação dos professores com a pesquisa. Essa universidade nasce diferente de outras, já nasce com esse caráter de uma determinada forma de internacionalização, que está dentro dessa ideia da Cooperação Sul-Sul, a Cooperação Solidária Sul-Sul e isso é muito novo no Brasil.

Qual o estágio de implantação dos campi da Unilab fora de Redenção?

NG: Em São Francisco do Conde, temos um prédio que foi cedido pela Prefeitura do município, já quase que em condições de começar a funcionar. Já temos lá funcionando a Educação a Distância na forma de especialização. Nosso grande desafio agora é implementar cursos presenciais, construir o corpo administrativo e o corpo docente dentro desse campus. Aqui, em Palmares (Acarape), está em processo de construção.

Quando a senhora olha para sua universidade hoje, como analisa o trabalho em torno dessa integração de países, tão diversos, e cuja matriz está assentada na língua portuguesa?

NG:
Eu me reporto ao dia da posse do vice-reitor, quando estive pela primeira vez em Redenção e na Unilab. Estávamos no anfiteatro, então olhei e vi o público da universidade. Ali estavam professores, pessoas da comunidade, estudantes, técnicos administrativos e a sensação é de encantamento de ver uma diversidade tão grande no mesmo espaço, imbuída de um projeto muito inovador. Quando penso essa diversidade – que é étnica, racial e cultural – estar presente na Unilab me encanta, me desafia. Acho que aqui, temos possibilidades de construirmos relações que podem ser profícuas entre os diferentes e as diferenças. Ao mesmo tempo, com pontos muito comuns. E compreender a complexidade que é a língua de expressão portuguesa, porque ela está localizada historicamente em contextos muito diferentes. E aí, temos algo que nos aproxima que é comum, mas ao mesmo tempo temos particularidades muito intensas.

Como a senhora recebeu o convite para ser reitora da Unilab? O que a levou a aceitá-lo?

NG:
Fiquei surpresa e honrada. Depois do choque, né? (risos). Compreendi também que isso tem a ver com minha trajetória. Sou professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Junto com uma equipe de colegas, construí um programa de ensino, pesquisa e extensão chamado Ações Afirmativas da UFMG. Conseguimos ampliar mais a pesquisa sobre temática racial e estávamos ampliando para as temáticas africanas. Sou uma militante em prol da superação do racismo. Pedagógica e politicamente, atuo assim. Sou uma mulher negra que atua nas questões raciais.

O que a Unilab representa no contexto da questão racial e da afrodescendência no Brasil hoje?

NG:
Sabemos que, muitas vezes, as práticas de racismo que acontecem na sociedade brasileira têm a ver com uma representação muito negativa do continente africano. E uma total ignorância sobre o continente africano. Da sua história, riqueza, luta dos seus povos, orientações políticas mais recentes, e escolhas dos seus governantes. Nós temos hoje um desconhecimento e precisamos conhecer mais, porque é uma forma de superar preconceitos. Eu ignoro sobre, aí preconcebo uma ideia e passo a generalizá-la para todo mundo. O papel da universidade nesse caso, a própria existência dela, a produção do conhecimento que pode ser desenvolvida aqui na universidade é um outro fator importante. Penso nas relações que ela vai construir com a comunidade local, com o próprio Brasil, com o Ceará.

Já é possível mensurar os efeitos das políticas afirmativas sobre as populações negras no Brasil?

NG:
Elas são muito recentes. Não sei se dá para mensurar, mas acho que dá para fazer algumas reflexões sobre esse processo. Você tem hoje uma discussão muito intensa. Estamos completando dez anos desde que a alteração da Lei de Diretrizes e Bases foi sancionada pela Lei 10.639 de 2003, que é o ensino de história e cultura africana, nas escolas de educação básica. É claro que é uma implementação irregular se formos pensar assim, porque o ideal seria que, depois de dez anos, pudéssemos falar assim: “A educação básica avançou de norte a sul nas escolas públicas e privadas em relação a essa temática”. Não podemos dizer que avançamos na totalidade. Por isso, digo que é uma implementação que ainda acontece de forma irregular em algumas redes de ensino e regiões do Brasil. Uma coisa é certa: desencadeou uma discussão, produção de pesquisa, de material didático e literário. Trouxe questionamentos para formação de professores. Na educação superior, temos uma lei de cotas que hoje vale para as instituições federais de ensino.

A senhora considera que a negação das questões raciais pela sociedade brasileira impediu que as decisões afirmativas fossem tomadas há mais tempo?

NG:
Tem sim um processo de negação do racismo na nossa sociedade. Vivemos o que toda literatura que trabalha com o tema aponta: um discurso de que todos nós somos muito democráticos. De que temos a democracia racial no Brasil. E essa representação mítica traz uma negação das reais condições da população negra na sociedade brasileira. Na discussão da temática racial, a sociedade brasileira sempre foi acompanhada de demandas históricas do movimento negro. Esse movimento reeduca a si mesmo e reeduca a sociedade no debate da questão étnico-racial. Acho que aí você vai tendo outros legados da luta antirracista. Você vai ver que existem outros movimentos sociais como o movimento de mulheres, movimentos LGBT, movimentos sociais do campo e que começam a introduzir a pauta da luta antirracista. Por isso, falo do papel de reeducar a si mesmo e a sociedade.

Quando a senhora se descobriu negra?

NG:
Acho que eu sempre soube (risos). Por que sou de uma família do interior de Minas Gerais. Uma família negra que sempre se viu negra. Fui educada para ter orgulho de quem eu sou. Meu pai era um líder comunitário. Já falecido. Tenho muita lembrança do meu pai lutando por melhoria do bairro, por água, ônibus. Um homem negro muito digno. Meu pai tinha uma indignação com qualquer forma de injustiça. Minha mãe, viva até hoje, foi bordadeira, uma mulher muito sábia. Eu venho de uma família em que nós sempre nos víamos negros, convivemos com parte da família que é negra. Sempre fui criada como mulher negra, uma menina negra. O que eu descobri fora desse aconchego familiar foi o racismo! Foi traumático, porque foi na escola, na primeira série. Até já escrevi sobre isso. Tenho um livro sobre a questão de corpo e cabelo como símbolos da identidade negra, que foi minha tese de doutorado. Foi justamente com o contato com a minha estética. Uma colega me xingou de “cabelo de bombril”. Foi o primeiro xingamento racista que ouvi. É racista, mesmo que seja na boca de uma criança, por que ela aprendeu isso em sociedade, a ver o outro dessa forma. Ela reproduziu isso. Lembro que foi o primeiro choque que tive, porque nunca tinha ouvido nenhuma referência negativa ao meu cabelo! Cheguei em casa e levei isso pra minha família, que reage, vai à escola. Comecei a perceber que meus outros colegas negros recebiam xingamentos, esses e outros. Fui compreendendo que a vida não é só a minha família (risos). Fui entendendo que eu tinha que aprender a me defender também. Isso é muito duro. Sobretudo na infância, porque é onde aprendizados começam a acontecer. Quando adultos, aprendemos a nos defender, uns mais, outros menos. Mas a criança está em processo de formação. Daí, penso sempre na importância da escola.

Suas experiências de vida influenciaram de forma definitiva suas preocupações acadêmicas. Como isso se deu?

NG:
Pela minha vivência mesmo. Minha família negra. Depois, por experiências que comecei a viver como professora da educação básica. Sempre fui professora. Só sei ser professora (risos). Logo que me formei, comecei a trabalhar. Fiz concurso para a rede pública. Desde então, sou professora da rede pública. Tive um pequeno período em que trabalhei no público e no privado. E comecei nesse momento a perceber diferenciações. Não só em relação a mim no tratamento. Era uma escola privada de médio porte. Tive que reeducar os alunos a ter uma professora negra atuando nessas turmas de ensino fundamental. E também atuava numa escola pública onde uma grande maioria dos meus alunos eram negros. Eu era diferente num espaço e era igual em outro. Isso tudo mexeu muito comigo. Conversando com um professor da pós-graduação, eu colocava essas questões para ele, colocava também para uma colega. E as pessoas falavam que esse era um tema que precisava de mais investigação. Era no final dos anos 80, começo dos anos 90, nós não tínhamos a produção que temos hoje sobre relações raciais na educação e em outras áreas. Então, me senti instigada. Era um momento que tínhamos poucos pesquisadores negros que falavam sobre as questões raciais. Como educadora e como mulher negra, falei: “Acho que tenho que uma responsabilidade acadêmica e política”. E comecei a pesquisar sobre professoras negras. Foi meu primeiro trabalho. Fiz um trabalho com a trajetória de mulheres negras professoras e a relação delas com o debate racial e com as crianças, como isso acontecia. Não parei mais.

Como lidar com o racismo entre a população negra?

NG:
Sempre que me perguntam isso, chamo atenção para uma questão: o racismo é um fenômeno que prejudica todos nós: negros, brancos, indígenas. E para compreender como uma pessoa que é negra pode desenvolver um preconceito contra si mesmo e contra o seu grupo, é o maior exemplo da perversidade do racismo. Como esse fenômeno consegue ser tão estrutural na nossa sociedade e, ao ser estrutural, ele se torna estruturante das nossas relações. E isso impregna na nossa própria subjetividade, que é possível que, quando se está num lugar com referências muito negativas em relação ao seu próprio grupo étnico-racial, é possível que essa pessoa também desenvolva esse mesmo sentido. Por isso que as políticas afirmativas e a afirmação das identidades são importantes. Porque você pode construir um outro ambiente social, outras representações positivas que vão disputar com as representações negativas que estão em curso. Subjetividades inconformistas e rebeldes são aquelas que se indignam com as injustiças, com preconceitos. Acho que vale para a população negra e para a população branca. Mais do que prestar atenção no fato de uma pessoa negra que discrimina uma outra pessoa negra, é entender qual o fenômeno perverso na nossa estrutura que educa as pessoas desse jeito. E mais: se elas são educadas assim, podem ser reeducadas de outra forma, e a ver seu próprio grupo étnico-racial de uma outra forma.

Pergunta do Leitor

Hilário Sobrinho, professor, mestre em História pela UFC, pesquisador da Cultura e História do Negro no Ceará: No Ceará, construiu-se o discurso de que não havia escravos. Isso se tornou um obstáculo à implantação das políticas afirmativas. Como a senhora avalia tal contradição?

NG:
Entre estes trabalhadores havia uma quantidade considerável de negros libertos, negros nascidos livres e mestiços. Há um desafio para implementação de políticas voltadas especificamente para a população negra no Ceará. Um dos fatores talvez seja o imaginário de um Ceará onde a presença negra não é considerada significativa ao longo da história. Nesse aspecto, é muito importante a organização política da comunidade negra para a promoção das políticas de igualdade racial e construção de uma sociedade que reconheça e valorize a diversidade étnico-racial.

Desafios contemporâneos

O Dia da África, celebrado em 25 de maio, será comemorado hoje, 20, no auditório do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará (Uece) com o encontro “África-Brasil: desafios contemporâneos”. As inscrições poderão ser feitas hoje das 8h às 9h. A conferência de abertura “A África hoje: como decifrar seus enigmas” será conferida pelo professor inglês Herbert Ekwe-Ekwe. Ainda pela manhã, haverá o lançamento da 13ª edição da revista Tensões Mundiais.

Perfil

A professora Nilma Lino Gomes chegou a Redenção no início de abril em companhia da mãe, Maria da Glória Lino Gomes, que deve retornar para passar uns tempos no Ceará, com a filha. Com residência fixa no município, a reitora conta que está em fase de reconhecimento do lugar. Nasceu em Minas Gerais, fez graduação em Pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cursou mestrado em Educação na mesma universidade, doutorado em Antropologia na Universidade de São Paulo (USP), e pós-doutorado em Sociologia, na Universidade de Coimbra (Portugal). Como professora da UFMG, Nilma coordenava o Programa Ações Afirmativas da UFMG e o Núcleo de Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas. É autora do livro Sem perder a raiz: corpo e cabelo como símbolos da identidade negra.

Mais

Redenção foi a primeira cidade no Brasil a libertar seu escravos em 1º de janeiro de 1883. A Sociedade Redentora Aracapense foi influenciada pelos líderes abolicionistas que atuavam em Fortaleza. O Ceará aboliu a escravatura em 25 de março de 1883.

Nilma Lino Gomes assumiu a reitoria da Unilab no dia 1º de abril último, em Brasília. Da solenidade, participaram ministros, professores e militantes do movimento negro.

A reitora participou ativamente pela defesa das cotas pelas cotas nas universidades. Segundo ela, o sistema favorece a construção de uma igualdade racial e a construção de uma democracia para todo no País.

A professora Nilma Lino só conhece de Fortaleza, por enquanto, o Aeroporto Internacional Pinto Martins, mas confessa que quer conhecer melhor a vida cultural da cidade.

Dentro do evento “África-Brasil: desafios contemporâneos”, haverá ainda, a partir das 14 horas de hoje, a exibição de filme Heróis da África. Às 16 horas, tem início mesa redonda com a participação de professores e estudantes imigrantes.

O Dia da África foi criado há 50 anos, em Addis Abeba, Etiópia, pela Organização de Unidade Africana (OUA) e simboliza a luta dos povos do Continente. O Centro de Humanidade da Uece fica na avenida Luciano Carneiro, 345 – Bairro de Fátima. A programação é aberta ao público.

Números

Abril de 2013 – O primeiro dia de Nilma como reitora da Unilab, em Redenção, foi dia 2

2006 Pós-doutorado – Concluiu na área de Sociologia. Universidade de Coimbra (Portugal)

Fonte: UJS Nacional

sábado, 11 de maio de 2013

No Brasil, Maduro se reúne com Dilma, Lula, movimentos sociais e estudantes

 Foto: Valter Campanato/ABr

Na sua passagem pelo Brasil, nesta quinta (09), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro aproveitou a ocasião para encontrar não somente com a presidente Dilma, como também com o ex-presidente Lula, com líderes de movimentos sociais e estudantes.

Ao desembarcar em Brasília, Maduro se direcionou à sede da embaixada venezuelana, onde se reuniu com Dilma, e estreitaram laços entre os dois países em diversas áreas, como na segurança alimentar, como cooperação militar.

Após o encontro, Dilma destacou à imprensa que assim como foi com o presidente Hugo Chávez, o Brasil manterá uma relação de alto nível com o atual presidente e fez um resumo das parcerias já firmadas.

“Hoje reiteramos o compromisso com uma forte parceria, parceria estratégica entre nossos países. Decidimos aprofundar os projetos existentes de cooperação em áreas como alimentos, energia elétrica, energia de petróleo, agricultura, desenvolvimento social e habitação. Discutimos, ainda, novas possibilidades de cooperação, em matéria muito específica de abastecimento, segurança alimentar e também na garantia do suprimento energético”, explicou Dilma.

Já Maduro apontou o estreitamento entre as forças militares dos países, assim como a troca de experiências e treinamento conjunto, que “fortalecerá a indústria militar latino-americana”.

“Decidimos, em novas áreas de trabalho conjunto, ainda mais nossas forças armadas, desenvolver novos projetos de cooperação no plano da defesa e segurança das nossas fronteiras”, explicou o venezuelano.

Mesmo com a crise, no ano passado, o comércio entre os dois países alcançou o recorde histórico de US$ 6,05 bilhões. As exportações brasileiras de manufaturados para a Venezuela cresceram 30% em 2012, alcançando 65% da pauta exportadora. Hoje, o Brasil é o terceiro parceiro comercial da Venezuela, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

Maduro com Lula
Além de se reunir com Dilma, Maduro também recebeu a visita do ex-presidente Lula e do presidente nacional do PT, Rui Falcão. Ao falar de Lula, Maduro definiu o líder brasileiro como “o pai de todos os que lutam pela igualdade e povos justiça social”.

“Vimos o presidente Lula e ele nos deu um banho de sabedoria. Uma hora nos dando conselho de sua experiência. Nós todos vemos o Lula como um pai. Vemos como um pai dos homens de esquerda, das mulheres de esquerda, dos homens e mulheres progressistas dessa América Latina”, afirmou o venezuelano.
 

Maduro com Movimentos sociais e Estudantes

Depois de reunir-se com líderes, Maduro participou de um encontro com movimentos sociais e com estudantes, na Universidade de Brasília. No evento, Maduro agradeceu o apoio deles à sua candidatura, e posou para fotos com a bandeira da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Fonte: UJS Nacional

UNE conquista mais uma vitória para os estudantes: Bolsa Permanência para cotistas


O Ministério da Educação anunciou ontem (09) em Brasília a Bolsa Permanência do Cotista. Anunciam o benefício o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, e o presidente da UNE, Daniel Iliescu.

A bolsa destinada aos alunos de baixa renda aprovados por meio da lei das cotas nas universidades federais será de R$ 400.

Para receber a ajuda de custo o cotista deve ter renda familiar de até 1,5 salário mínimo por pessoa e estar matriculado em cursos que tem 5 horas ou mais de carga horária de estudos.

Segundo o presidente da UNE, essa é uma conquista de todos os estudantes. “Essa bolsa é resultado da marcha das federais realizada em 26 de junho do ano passado, quando reunimos 3 mil pessoas de todo o Brasil para reivindicar melhorias para a educação”, destacou.

Na época as universidades federais realizavam uma greve unificada com 54 instituições paralisadas, unindo professores, funcionários técnico-administrativos e estudantes. Durante a #marchadosestudantes como foi chamada a mobilização, o ministro Aloizio Mercadante recebeu uma delegação de 70 estudantes, representantes de DCEs de 44 universidades, acompanhados da diretoria da UNE e da UBES e formalizou um importante compromisso com a educação brasileira. No encontro foi entregue ao ministro um relatório extenso e completo de reivindicações dos alunos de cada uma das instituições. A maioria dizia respeito à ampliação da assistência estudantil, mais restaurantes universitários, creches, moradias, bolsas, além de melhorias na infraestrutura, finalização de obras em prédios, laboratórios e bibliotecas.

Fonte: UNE

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Barão de Itararé: das mídias de massa às massas de mídia

Pensar o processo de comunicação no Brasil, aprender com os modelos desbravadores na América Latina e fortalecer a frente de luta contra a comunicação imperialista produzida pelos setores conservadores no país. Esse foi o ritmo do primeiro dia de debates do Curso Nacional de Comunicação realizado pelo Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, iniciado nesta quarta-feira (8), em São Paulo.

Joanne Mota para o Portal Vermelho



Cerca de 130 pessoas, de 16 estados brasileiros, participam do curso. Jornalistas, sindicalistas, ativistas sociais juntos por três dias para pensar numa nova forma de fazer comunicação com vistas a romper com o oligopólio que se consolidou no Brasil.
O nível do debate e a sede de entender qual o papel da internet na luta pela democratização da comunicação faz-nos lembrar de uma máxima proposta pelo pesquisador europeu Ignacio Ramonet que, grosso modo, afirma que passamos da mídias de massa para as massas de mídia.

A força da internet

Na primeira atividade do evento, que foi ministrado pelo jornalista e blogueiro Rodrigo Vianna, refletiu-se sobre o papel da blogosfera na luta política no país. Segundo ele, a ascensão da blogosfera reconfigurou essa disputa e salientou a luta por uma hegemonia que se empreende hoje.

“Esse movimento não acontece só no Brasil. Na França também observamos uma forte resistência na internet. E por mais que ainda exista um limitador sobre o acesso da internet, já contabilizamos vitórias significativas que demonstram o poder da rede, especialmente quando os ativistas se organizam em linha, em frente de luta, para o desvendamento dos fatos que compõem a esfera política de discussão”, externou Vianna durante o debate.

Luiz Carlos Azenha, jornalista e editor do Blog Viomundo, também participou das atividades da manhã e apresentou o papel da Web TV no processo de informação na rede. Segundo ele, o vídeo na rede apresenta diversas potencialidades e para os movimentos sociais, por exemplo, torna-se uma ferramenta fundamental na luta política.

“Com uma câmera fotográfica na mão qualquer um pode fazer um vídeo e furar a dinâmica vertical empreendida pela mídia conservadora. Setores da sociedade civil organizada têm maior facilidade nesse processo, pois têm os meios para estruturar, minimamente, uma estrutura de produção que garanta a desconstrução dos discursos propostos pela chamada mídia burguesa”, pontou o blogueiro.



Organização da frente de luta

Ao avaliar o papel de evento desse porte, Altamiro Borges, blogueiro, presidente do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé e secretário nacional de Mídia do PCdoB, disse que o principal objetivo é orientar a comunicação no interior dos setores progressistas no país.

“Na luta pelo fortalecimento da luta, organizar a comunicação é essencial no processo. Isso significa ampliar investimentos em comunicação, ou seja, formação das lideranças, investimentos nas plataformas de comunicação e entendimento do que significa essa ferramenta de luta”, explicou o blogueiro.

Segundo ele, para travar o debate de ideias no interior da sociedade com clareza é preciso antes inserir as informações necessárias que fundamentarão este debate. E cita o poder que possui o movimento sindical no Brasil, mas mesmo este precisa pensar com mais atenção o papel de sua comunicação frente ao que é colocado na mídia burguesa.
FONTE: UJS Nacional

UJS e movimentos sociais se unem em defesa da democratização da mídia



Nesta segunda-feira (06), em São Paulo, a UJS, em conjunto com diversos movimentos sociais realizaram a Plenária Nacional dos Movimentos Sociais, na qual definiram as estratégias a serem postas em prática para coletarem 1,3 milhão de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular que defende a regulamentação dos meios de comunicação no Brasil.

Além da UJS, estavam presentes movimentos sociais de diversas áreas de atuação, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), Central de Movimentos Populares (CMP), União Brasileira de Mulheres (UBM), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), União de Negros pela Igualdade (Unegro), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entre outras.

O encontro foi realizado no Alto da Lapa e se estendeu pelo dia inteiro. Como resultado, ficaram definidos sete pontos prioritários a serem defendidos pelos movimentos. Está prevista a capacitação de pessoal para coletar as assinaturas e assim, poderem enviar o Projeto de Lei para votação no Senado.

Outro aspecto definido, foi a preparação de uma carta onde as entidades apontam seu repúdio à redução da maioridade penal. “É uma bandeira da direita que tem avançado e precisamos preparar um calendário para mobilizar a sociedade que precisa discutir o fato e não deixá-lo somente na mídia, como tem ocorrido”, observou Edson França, presidente da Unegro, que participou da plenária.

Há ainda outro documento que está sendo preparado, que fará um alerta sobre o leilão que acontecerá na terça (14) e quarta-feira (15) de 289 áreas de exploração de petróleo, distribuídas em 11 Bacias Sedimentares: Barreirinhas, Ceará, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Parnaíba, Pernambuco-Paraíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Tucano. Estima-se que será disponibilizado um volume de, pelo menos, 30 bilhões de barris.

As demais áreas de atuação definidas foram: a reforma do judiciário, reforma política, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, 10% do PIB para a educação.

Projeto de Lei pela Democratização da Mídia

O Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP), realizado por movimentos sociais, entidades e a própria sociedade, entre muitas propostas, defende o fim do oligopólio da mídia, fazendo com que ela seja democrática, além de defender a diversidade, a pluralidade, dando espaço e representatividade para as minorias dentro dos veículos de comunicação, como os gays, mulheres, negros, índios, jovens.

FONTE: UJS Nacional

Bloco na Rua: A educação Cubana e a brasileira

Estudantes de Medicina em Cuba

A professora Roberta Traspadini, integrante da Consulta Popular, compara o sistema educacional cubano com o brasileiro. A professora da Escola Nacional Florestan Fernandes e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais, afirma que o governo cubano investe 30% do PIB (Produto Interno Bruto). O ensino tem um enfoque no “posicionamento político que garante o direito à reflexão crítica e a formação continuada, com centralidade dos gastos do governo em educação”, assegura.

Em uma população estimada em pouco mais de 11 milhões, há mais de 2 milhões de estudantes em Cuba, em todos os níveis, quase 20% da população. Além de destinar 30% do PIB à educação, o país conta com 9.673 escolas públicas que empregam 298.508 professores e conta com 170 mil bolsistas. No ranking de controle do analfabetismo Cuba está em primeiro lugar há anos.

No Brasil, em 2006 tínhamos 2.270 instituições de ensino superior, sendo 87,73% privadas e 248 públicas, ou seja, 12,27%. Mesmo com os investimentos do governo Lula nas universidades federais essa realidade pouco mudou. Segundo Roberta, “o artigo 214 da constituição não prevê ser obrigação total do Estado a universalização da educação. Tem como objetivos a erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar; melhoria da qualidade do ensino; formação para o trabalho; promoção humanística, científica e tecnológica do país; e estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto”.

As importantes políticas que ampliaram a oferta de vagas no ensino superior Brasileiro chamaram a atenção de inúmeros investidores para o setor no país, atraindo inclusive capital estrangeiro, o que é inadmissível e prejudicial para o país. Em 2004, 4,4% da população brasileira concluíram o ensino superior e em 2010 esse número subiu pra 7,9% aponta o IBGE. Em 2000, a população de 15 a 17 anos nas escolas era 77,4% e em 2010 passou pra 83,3%.

Mesmo assim, para Renata a situação do Brasil é de falência porque “o modelo brasileiro de educação está diretamente relacionada à vitória do capital transnacional na conduta política da ordem e do progresso brasileiro, a partir dos anos 1990”, com a prevalência da política neoliberal.

Fonte: facebook.com.br/bloconarua

terça-feira, 7 de maio de 2013

Cada paralelepípedo da velha cidade vai se arrepiar

Com a crise instaurada no centro do capitalismo, a partir de 2008, os jovens saíram às ruas para manifestar-se contra as políticas de contenção de gastos que retiram direitos da juventude e dos trabalhadores. Com o lema “ocupar Wall Street, ocupar todos os dias”, os jovens estadunidenses reagiram à repressão e se mantiveram impassíveis em seus propósitos.

Na Europa a juventude tomou o espaço público para protestar contra as políticas de austeridade e retirada de direitos dos trabalhadores. As ruas de Paris, Madri, Atenas, Roma, Lisboa estiveram lotadas de jovens lutando pelo direito de ocupar as ruas. Nos países árabes também a juventude saiu às ruas para mudar regimes e derrubar ditaduras, entre outras reivindicações.

Antenados com o mundo e com vontade de avançar e sair dos espaços impessoais da internet, os jovens brasileiros mostram a que vieram e seguem a poesia de Castro Alves que diz que “a praça é do povo”. Contrariando a política do medo, saem às ruas sem medo da felicidade.

Medo que vem desde a ditadura civil-militar instaurada no Brasil em 1964 que criou a teoria da “segurança doméstica”, propagando o medo para que as pessoas permanecessem recolhidas em casa. Modo fácil de impedir reuniões, debates, troca de idéias, conhecimento, amizade e confiança no outro. Mesmo assim muitos se rebelaram e ocuparam seus espaços contra a tirania. Foram debelados à força, presos, banidos, torturados… Mas resistiram.

 Com o fim da ditadura em 1985, a proposta da “segurança doméstica” prevaleceu ainda por bom tempo devido à insegurança das ruas nas grandes cidades tomadas pela violência.

Mas com o passar dos anos e o fortalecimento da democracia tem espantado o medo e a juventude brasileira começa a retomar a rua como espaço público em um ato político para mostrar a sua vontade de ter acesso à cultura, lazer, informação e de ter a possibilidade de conhecer pessoas para criar novos relacionamentos e trocar de idéias e afetos.

Nem sempre foi fácil. Em 2010 o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD) criou o Programa do Silêncio Urbano, restringindo a possibilidade de música nas ruas da cidade. Policiais reprimiram skatistas na Praça Roosevelt e o atual prefeito Fernando Haddad (PT) rechaçou a violência contra os jovens. Essa atitude de Haddad deu início ao debate sobre a ocupação dos espaços públicos na cidade de São Paulo. A proposta dos jovens re-humanizar as suas vias e praças para fortalecer a coexistência entre os gêneros e transformar a cidade em espaço convidativo para todos (a)”.

Os jovens cansaram de esperar pelo poder público e voltam às ruas. Como o coletivo Existe Amor em SP com o Festival Anhangabaú da FelizCidade: Quanto Vale ou é para Todos? Algo parecido com a “Minhoca Colorida”, que ocupa o Minhocão pra diversas manifestações culturais e de lazer.

Após intenso debate criado via e-mails, jovens de Belo Horizonte voltaram à Praça da Estação, proibida para qualquer tipo de evento desde 2009. Criaram a Praia da Estação, onde “banhistas e movimentos políticos formaram blocos de carnaval. O grupo Praça Livre reúne até 500 pessoas na mesma praça com, cadeiras de praia, guarda-sol e dão o seu recado de harmonia.

Além de voltar às ruas, a juventude preocupa-se com a mobilidade urbana. Porque para participar de eventos precisam locomover-se e o preço das passagens do transporte coletivo está o olho da cara. Em abril, jovens porto-alegrenses tomaram as ruas para protestar contra o aumento de passagens de ônibus. Que havia ido de R$ 2,85 para R$ 3,05 e conseguiram uma liminar da justiça barrando o aumento. Em São Paulo, a prefeitura promete transporte 24 horas.

Outra questão importante refere-se à criação de ciclovias pra facilitar a mobilidade. Existe um projeto de lei na Câmara dos Deputados que determina que todas as cidades acima de 50 mil habitantes tenham ciclovias. Ainda em São Paulo, a administração inclui as bicicletas no bilhete único, com possibilidade de aluguel de bicicletas pelo período de validade do bilhete no centro da cidade.

Jovens têm se manifestado de diversas formas em todo o país ocupando as ruas como espaços públicos para expressar suas vontades, sem esperar pelos poderosos. Tem sido assim nas manifestações pela derrubada do deputado Marco Feliciano da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara. Foi o caso dos caras pintadas pra derrubar Collor de Mello. Tem sido assim e todos os atos em defesa da liberdade em todos os cantos do mundo. Como na canção de Chico Buarque Vai Passar: “Vai passar/Nessa avenida um samba popular/Cada paralelepípedo/Da velha cidade/Essa noite vai/Se arrepiar”.

 A juventude mostra que não agüenta mais tanta repressão e grita com todos os poros, toda sua irreverência, sua alegria e sua vontade de mudar o mundo. A ocupação dos espaços públicos é mais uma forma de se contrapor ao capitalismo opressor e excludente que privilegia poucos e impede a manifestação pública da liberdade.

Fonte: UJS

sábado, 4 de maio de 2013

Igor Mayworm: Regulamentação do ensino privado

Igor Mayworm, Movimento Bloco Na Rua na Universidade Gama Filho
Igor Mayworm, petropolitano,  presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro, em entrevistas ao Bloco na Rua, faz um balanço sobre as mobilizações dos estudantes das universidades privadas, que entre outras coisas criou a CPI do ensino superior privado no Rio de Janeiro.

Bloco na Rua: Como se iniciaram as recentes mobilizações dos estudantes de universidades privadas no Rio de Janeiro?

Igor: O problema começou após o Grupo Galileo Educacional comprar as universidades Gama Filho e UniverCidade em meados de 2011. Em dezembro deste mesmo ano, o Galileo demitiu cerca de 800 pessoas, entre professores e funcionários, além de demiti-los não pagou seus direitos trabalhistas.

Em seguida o grupo Galileu impôs um aumento abusivo na mensalidade. Os reajustes variavam entre 18% e 40%, indo bem acima dos 5,9% determinados pela taxa de inflação educacional da época.

Organizamos os estudantes e fizemos passeatas, a justiça obrigou a mantenedora a respeitar a legislação, que permite aumentos de acordo com a taxa de inflação educacional, de 5,9% na época, entretanto, pouco tempo depois, o desembargador Mauricio Pereira dos Santos deu ganho de causa à mantenedora das universidades, elevando muito a evasão dos estudantes.

Bloco na Rua: Além do aumento de mensalidades houve outros problemas também?

Igor: Sim. Além das demissões começam a ocorrer atrasos no pagamento de salários dos professores, descumprimento de contratos que vão desde a limpeza das universidades, a segurança, água e luz, ou seja, um verdadeiro caos instalado nestas instituições.

Bloco na Rua: E vocês retomam as mobilizações?

Igor: Não só mobilizações de rua como greve também. Realizamos conjuntamente com os professores uma greve de 47 dias. A greve só terminou depois que realizamos uma ocupação de uma semana na sede do grupo Galileo Educacional, daí os salários foram pagos e as aulas voltaram à normalidade.

Bloco na Rua: Mas surgem novos problemas?

Igor: No segundo semestre as universidades voltam a atrasar os salários e, o que considero muito grave também, descumprem compromissos financeiros com a Santa Casa de Misericórdia, que servia como hospital universitário, por tanto, imprescindível para a formação dos estudantes de medicina.

É partir daí que reivindicamos a instalação da CPI do ensino privado na Assembleia Legislativa do Rio.

Bloco na Rua: A CPI já apresentou algum resultado?
CPI das Universidades Privadas – RJ
Igor: Destaco em primeiro lugar que a CPI é para investigar todas as universidades privadas do Estado do Rio, não só as do grupo Galileo, isso é uma grande vitória!

Um relatório já foi produzido, nele a CPI pede o indiciamento de vários reitores por lavagem de dinheiro, desvio de recurso público, gestão fraudulenta, apropriação indébita, formação de quadrilha entre outros! O relatório pede também o indiciamento do Grupo Galileo Educaional, e dos reitores da UGF, UC e da UCAM (Universidade Cândido Mendes).

Bloco na Rua: E o ministério da educação tomou alguma providencia?

Igor: Fomos a Brasília com dois ônibus de estudantes destas universidades, participamos da jornada de lutas da UNE e exigimos uma intervenção do MEC.

O ministério instituiu uma comissão paritária, por tanto, com estudantes, professores, funcionário e mantenedora.

Bloco na Rua: o Movimento Bloco na Rua tem se posicionado contra o capital estrangeiro e pela regulamentação do ensino privado?

Igor: Exatamente! Muitos destes problemas ocorrem por que estas universidades estão na bolsa de valores, o mesmo cara que investe na Hyundai, ou na Petrobras, investe em grupos educacionais. Como a lógica destas pessoas observa apenas o lucro em detrimento da qualidade, os estudantes saem muito prejudicados. Por isso nosso movimento é contra o capital estrangeiro nas universidades. Todas estas mobilizações são lideradas pelo Bloco na Rua e, vamos levar muitos estudantes para o congresso da UNE e aprovar o fim do capital estrangeiro.

Virgínia Barros: “Viver é lutar e lutar vale a pena”


Nesta última quarta (01), o movimento Bloco na Rua indicou Virgínia Barros como candidata a presidência da UNE. O 53º Congresso da entidade ocorrerá em Goiânia, de 29 de maio a 02 de junho.

Natural de Garanhuns (PE), Virgínia, mais conhecida como “Vic”, foi presidente da União dos Estudante de Pernambuco (UEP) entre 2009 e 2011, onde conquistou a gratuidade para os estudantes da Universidade de Pernambuco (UPE), que até então tinham que pagar para estudar. Atualmente cursa Letras na Universidade de São Paulo (USP). Virgínia exerce a função de diretora de comunicação da UNE.

Em entrevista exclusiva ao Bloco na Rua , a candidata à presidência da UNE fala das conquistas da entidade no último período e destaca os próximos desafios da União Nacional dos Estudantes.

Bloco na Rua: O que representa o congresso da UNE para o Brasil? Qual a participação do movimento Bloco na Rua?

Vic: Estamos chegando na reta final do congresso e teremos quase dois milhões de jovens elegendo seus representantes com votação direta em urna, em mais de 90% das universidades brasileiras! É desta maneira que a UNE se consolida como uma das entidades mais democráticas e legitimas do movimento social brasileiro.

Por esta amplitude o congresso da UNE é o principal espaço de discussão, mobilização e integração dos estudantes brasileiros. É no congresso da UNE que colocamos em revista toda a educação brasileira e, que os estudantes apontam novos desafios para melhorar a educação superior, por isso, o congresso da UNE é sempre um marco, um ponto de partida das grandes transformações educacionais.

O novo movimento Bloco na Rua é o maior coletivo de estudantes do Brasil, o único que consegue estar em todos os Estados, nas universidades públicas e privadas, a consequência é que temos uma opinião mais completa sobre a educação brasileira e, por isso, a maioria dos estudantes brasileiros tem votado nas propostas do nosso movimento, o que nos faz ser o maior movimento ao congresso da UNE, com maior número de delegados!

Bloco na Rua: Quais são as principais propostas que você defenderá em nome do movimento Bloco na Rua no Congresso da UNE?

Vic: Hoje o principal desafio dos estudantes e, acredito, do conjunto do povo brasileiro, é criar as condições para uma nova arrancada no desenvolvimento econômico, social e humano do nosso país. Para isso, a educação é fundamental.

Uma das principais pautas no campo educacional segue sendo a destinação de 10% do PIB, 100% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-sal para educação, por políticas mais eficazes de assistência estudantil, garantia da qualidade do ensino superior e por uma regulamentação democrática e soberana do ensino superior privado em nosso país. Para além disso, pautas mais gerais como a reforma política e a democratização dos meios de comunicação assumem cada vez mais centralidade nas lutas estudantis.

Bloco na Rua: Como você avalia a atuação da UNE neste último período?

Vic: A UNE conquistou muitas vitórias, a principal que eu destacaria foi a aprovação dos 10% do PIB para educação pública. Foi uma conquista obtida com muito suor e anos de luta – fizemos marcha em Brasília, #OcupeBrasilia, abaixo-assinado e muita pressão até que no dia 26 de Junho do ano passado ocupamos a Câmara e garantimos a aprovação da medida. O projeto agora está no Senado e seguimos na luta para consolidar esta vitória.

Também conseguimos, ao longo dos últimos anos, através de nossas lutas, convencer a presidenta Dilma da importância de utilizar a riqueza do petróleo brasileiro para a melhoria da educação do nosso país. No final do ano passado, ela editou uma Medida Provisória destinando 50% do Fundo Social do Pré-sal e 100% dos royalties do petróleo brasileiro para educação. Foi um golaço! A Medida caducou sem que fosse aprovada no Congresso Nacional, mas, essa semana, em rede nacional, a presidenta já anunciou que enviará um novo projeto sobre o mesmo tema para o Congresso.

Outras lutas que destaco é a aprovação da Lei de Reserva de Vagas, o aumento expressivo de verbas para assistência estudantil no orçamento federal deste ano, tivemos também uma atuação combativa e consequente no período de greve das universidades federais, por ultimo destacaria as obras da sede da UNE no Rio de Janeiro. Muitos dos frutos desta gestão só serão percebidos, inclusive, daqui a alguns anos. Tudo, tudo, tudo, valeu muito a pena.
 
Bloco na Rua: De que maneira você acha que a UNE poderá contribuir para a superação dos próximos desafios?


Vic: A gestão da UNE precisa ser construída em permanente diálogo com os Centros Acadêmicos, DCE’s, Uniões Estaduais dos Estudantes e demais organizações estudantis existentes na universidade, ampliando nossos instrumentos de comunicação, fazendo nosso opinião chegar a mais gente, ampliar a Ouvidoria da UNE, fortalecer cada vez mais os fóruns da entidade, é desta maneira que vamos conquistar mais e mais vitórias.principais universidades do Brasil, a qual tive a oportunidade de coordenar. Através deste tipo de ação, levamos os debates gerais e específicos do movimento estudantil para o cotidiano da universidade e agregamos cada vez mais gente.

Bloco na Rua: Como é se dedicar à luta dos estudantes?

Vic: É um aprendizado permanente. Abrir mão de sua individualidade para fazer parte das lutas coletivas é, certamente, uma opção de vida bonita e necessária para o país – opção, esta, trilhada por milhões de jovens heróis anônimos em todo o Brasil.

A gente passa por muito perrengue, mas também se diverte bastante, conhece muita gente, aprende a ser mais tolerante, mais aberto para as ideias avançadas. O movimento estudantil é o melhor espaço para um jovem brasileiro conhecer nosso país e aprender a amá-lo na sua diversidade e complexidade.

Não tem um dia que não tenha uma coisa pra fazer. Desde montar um mural do Centro Acadêmico da faculdade até ocupar o Congresso Nacional por 10% do PIB pra educação, cada gesto que um estudante faz pelo bem comum é fundamental para o fortalecimento da democracia de nosso país.

Bloco na Rua: Qual a principal mensagem do movimento Bloco na Rua aos estudantes brasileiros?
 
Vic: Na sede da União Nacional dos Estudantes, em São Paulo, tem uma grafitagem que diz: “Viver é lutar e lutar vale a pena”. Como eu acho isso bonito, essa coisa de saber que, unidos, podemos transformar a realidade! A principal mensagem que o nosso movimento quer deixar para o país é que a luta dos estudantes brasileiros carrega consigo os mais belos sonhos de um outro mundo possível.

Foi assim que, ainda na década de 1930, conquistamos a Petrobrás, foi assim que enfrentamos e contribuímos para derrubar a Ditadura Militar, foi assim que derrubamos um presidente da República!

E é assim que, no último período, através da ação combativa e consequente da UNE, temos contribuído para fazer o Brasil avançar no caminho das mudanças e se tornar um lugar melhor para o conjunto dos brasileiros e das brasileiras que constroem este país todos os dias.

Fonte: UJS Nacional
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