sexta-feira, 14 de março de 2014
Viva Castro Alves, o patrono da UJS!
“Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães
Outras moças, mas nuas e espantadas
No turbilhão de espectros arrastadas
Em ânsia e mágoa vãs!”
(Trecho do Poema Navio Negreiro)
O dia 14 de março marca o nascimento de um dos maiores poetas brasileiros: Castro Alves. Os seus versos marcados pela rebeldia e críticas à escravidão inspiraram diversas gerações e o fizeram ser conhecido como o “poeta dos escravos”.
Nascido em 1847 na cidade baiana de Curralinho (que hoje leva seu nome), Castro Alves passou sua infância e começo da juventude em Salvador, tendo vivido também em Recife e no Rio de Janeiro. Desde cedo, se identificou com as lutas por liberdade e justiça, em especial em defesa da abolição dos escravos, causa pela qual dedicou diversos poemas, dentre os quais clássicos como “Navio Negreiro” e “Os Escravos”.
“A Praça é do povo! / Como o céu é do condor / É o antro onde a liberdade / cria águias em seu andor”, recitou Castro Alves no poema “A Praça”. E por versos de protesto como esse, o poeta foi escolhido como patrono da União da Juventude Socialista, organização que reúne jovens que, como Castro Alves, se rebelam contra as injustiças e lutam por um mundo melhor. Em seu manifesto, a entidade defende que o socialismo a ser construído no Brasil “terá o vigor dos versos abolicionistas de Castro Alves”.
O poeta dos escravos viveu pouco tempo, vitimado pela tuberculose com apenas 24 anos. Mas viveu uma vida intensa e deixou um imenso legado através de obras até hoje recitadas, razão pela qual foi lembrado pelo poeta chileno Pablo Neruda, que o homenageou em um trecho do poema “Canto Geral”:
“Castro Alves do Brasil, para quem cantaste?
Para a flor cantaste? Para a água
cuja formosura diz palavras às pedras?
Cantaste para os olhos, para o perfil recortado
da que então amaste? Para a primavera?
- Cantei para os escravos, eles sobre os navios,
como um cacho escuro da árvore da ira
viajaram, e no porto se dessangrou o navio
deixando-nos o peso de um sangue roubado”.
Em seus 167 anos de nascimento, viva Castro Alves!
Por Caio Botelho
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