quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ENTREVISTA COM IGOR BRUNO 65651


Conversamos com o candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro Igor Bruno, que falou sobre sua campanha e a trajetória no movimento estudantil.


Das trincheiras da UJS à Coordenadoria da Juventude do Rio de Janeiro, passando ainda pelas presidências da AMES, UBES e UJS-RJ e a criação do blog Fala Fera, Igor Bruno encara aos agora um dos maiores desafios de sua vida política: buscar a vaga na Assembleia pelo PCdoB e levar à pauta do Legislativo as demandas da juventude. Conheça abaixo um pouco mais da trajetória e das propostas desse carioca de 29 anos, que deixou um alerta importante para a corrida eleitoral: “Um problema dessa eleição é que grande parte da juventude não viu o governo de FHC, e é tarefa da nossa campanha estabelecer os parâmetros de comparação para convencer a essa galera a continuar mudando o Brasil.”

UJS - Conte pra nós um pouco das conquistas na Coordenadoria de Políticas Públicas para a Juventude.

Nossa atuação destacada nas eleições de 2008 foi predominante para a criação da Coordenadoria de juventude do Rio. Fui o primeiro coordenador de juventude da Cidade. É uma pasta nova, criada no atual governo, e como tudo que é novo, o projeto vem sendo implementado de forma positiva para atender os jovens da Cidade da melhor maneira possível. Já conseguimos muitas conquistas. Logo em 2009, aprovamos o espaço Sub 18, que é um local na Lapa destinado aos jovens de até 18 anos onde eles vão mostrar e curtir muita música, teatro e cultura em geral. Além disso, está em andamento uma pesquisa sobre a juventude carioca. Infelizmente, existe pouca base de dados sobre jovens, o que dificulta criar políticas públicas para esse público. Paralelo a isso, está sendo produzido um grande sítio de internet que será o INFOJOVEM, uma página de referência para a juventude. Dentre muitos projetos em andamento, estamos na luta para conseguir, junto com os estudantes, implantar a Meia Passagem para Universitários da rede pública e privada. Esse tema sempre foi tratado como prioridade pela Coordenadoria.

Destaque suas principais propostas para a juventude do Rio de Janeiro.

Tenho trabalhado prioritariamente com quatro eixos. O primeiro é implantar a Meia Passagem para estudantes universitários. Esta luta é uma reivindicação histórica do movimento estudantil. Acredito que com um mandato teremos mais força para acelerar as articulações e o trâmite desse projeto. Outro, também muito importante, é o Fundo Estadual do Pré -Sal para a educação e CT. Graças à aliança do presidente Lula com o governador Cabral, houve um avanço no quadro geral. No entanto, há que se ter mais investimentos em educação. Na educação estadual básica e no ensino superior (UERJ, UENF e UEZO), ainda existe uma insuficiência muita grande. Uma terceira prioridade da nossa candidatura é fazer uma grande campanha para eleger Dilma Presidenta do Brasil e continuar as mudanças iniciadas com Lula. Um problema sério dessa eleição é que grande parte da juventude não viu o governo de FHC. Veja bem, um jovem que hoje tem 18 anos, no inicio do Governo Lula tinha 10, ou um jovem que tem 23 hoje, há oito anos tinha 15, ou seja, uma parcela da galera jovem não tem muito parâmetro de comparação e é tarefa da nossa campanha fazer esta comparação e convencer o conjunto da juventude a continuar mudando o Brasil. Por último, queria destacar um elemento que temos dado bastante ênfase, que é a necessidade de se ter um parlamentar jovem, que represente a juventude. A ampla maioria dos jovens eleitos para algum cargo público só o são porque “o cara é filho de alguém” da política, ou neto, no exemplo baiano [de ACM]. Por outro lado, aqui na ALERJ, não existe nenhum deputado identificado com as lutas da juventude, ou seja, falta um parlamentar na Assembleia que encare os empresários de ônibus e aprove a Meia Passagem. Os movimentos da juventude precisam de representação parlamentar. Assim como os tubarões do ensino têm suas representações, os empresários disso e daquilo outro também o têm, o futebol tem seus parlamentares, os trabalhadores também tem os seus. Enfim, todos os setores organizados da sociedade têm seus representantes. Falta a juventude ter o seu e estou me propondo a cumprir mais essa tarefa.

Diante da Copa e as Olimpíadas, essas últimas em especial no Rio, quais as tarefas da Assembleia para que os benefícios oriundos desses eventos sirvam a toda população?

O Programa da candidatura aborda esse tema dando ênfase, primeiro, na necessidade de desenvolver ainda mais o Rio de Janeiro. Nosso Estado, em especial a Região Metropolitana, foi partido, mal planejado e sofre com graves questões estruturais. Os transportes públicos são o caos total. Um trabalhador que mora na Zona Oeste ou na Baixada pode demorar até 3 horas para chegar ao trabalho no centro do Rio. Temos apenas duas linhas de metrô e o trem que corta o Subúrbio e a Baixada ainda é muito precário. Só para lembrar: Barcelona, quando sediou as Olimpíadas, aproveitou o evento para ampliar suas linhas de metrô de dois para 18. Por outro lado, temos que planejar como a juventude pode usufruir de tudo isso. Uma das propostas da candidatura é que onde tenha investimento público direto, haja um percentual obrigatório de geração de emprego para jovens recém-formados e um percentual obrigatório de estagiários. Se juntarmos o investimento que será feito com a exploração do Pré-Sal com os investimentos da Copa e das Olimpíadas, são bilhões de reais, e a juventude precisa ser contemplada nesse conjunto de ações.

Você tem uma forte presença na internet e isso cria um vínculo especial com os jovens. Suas propostas de campanha prevêem a utilização desses canais de comunicação para incentivar a participação da juventude na elaboração de políticas públicas?

Com certeza. Aqui no Rio, fui pioneiro quando criei o www.falafera.net, que é um canal de comunicação da juventude. Quando estávamos pensando em criar um blog, pesquisamos diversos canais de busca da internet e constatamos que não existia nenhum espaço na rede preocupado em dialogar com a juventude. O projeto Fala Fera se mantém mesmo com as eleições e dia a dia, crescendo em número de acessos. Neste canal, falo com a galera de forma diferenciada. Converso sobre diversos temas entre política e questões do cotidiano. O papo é sempre descontraído. Levo ao blog alguns questionamentos e desta forma trago o jovem para debater políticas públicas e exercer sua cidadania. Defendo a democratização da internet de qualidade, pois este mundo virtual, nos dias de hoje, é essencial na vida do cidadão. Penso que a juventude pode participar da política de diversas formas e, para que isso aconteça, é preciso que se tenha garantido o acesso à internet de qualidade e que chegue aos mais diversos lugares.

O que você consideraria como sua maior realização política?

Passei na minha militância por grandes desafios. Em 2002, quando aprovamos as Cotas, eu era presidente da AMES Rio e todos duvidavam da viabilidade dessa proposta. Naquele episódio, tivemos grande parcela de responsabilidade no convencimento da Nilcéia (Nilcéia Freire, hoje Secretaria Especial de Mulheres do Governo Lula). Convencemos ainda grande parte da Assembleia, aprovamos o projeto e desde 2003 as Universidades Estaduais têm reserva de vagas para estudantes de escolas públicas e negros. Mas minha maior realização política foi conseguir unificar a juventude e empolgar a UJS com a ideia da candidatura. Sem dúvida, fazer uma campanha dessa, com uma galera alegre, politizada e legal, que milita com muita abnegação dia e noite, é uma realização e tanta.

Qual a importância da sua militância no movimento estudantil e na UJS para sua formação política?

Quanto mais penso no que dizer sobre essa pergunta, mais considero minhas palavras insuficientes para descrever o papel que a UJS teve na minha formação. A UJS, com sua grande influência no movimento estudantil, foi e ainda é uma grande experiência para mim! Foi na UJS que me tornei um militante político. Todos que por aí passaram têm em mente a certeza que a UJS é como uma escola. Pra mim foi muito mais! Foi nessa organização que passei a entender o real funcionamento do capitalismo, abrindo minha visão para os problemas do mundo real, assim como para a necessidade de se superá-lo através do Socialismo. Consegui entender na UJS a necessidade de lutar pelos objetivos mais nobres da juventude e a valorizar os princípios da militância cotidiana.

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