sexta-feira, 8 de junho de 2012

Debate chama a juventude para disputar o conceito de cultura


Uma das mesas de debate mais concorridas desta quinta-feira (07/05), primeiro dia do 16º Congresso Nacional da UJS, com a temática “Cultura da ética, da estética e da economia”, trouxe para o centro das discussões a reflexão sobre a juventude e o seu papel na “disputa do conceito de cultura”, como bem foi colocado por uma das convidadas, a professora Ivana Bentes.
“Estamos disputando o conceito de cultura que não é o que pensa a cultura como segmento, como a cereja do bolo. E se não fizermos essa disputa, vamos ficar reféns do conceito que está sendo dado pelo mercado”, avaliou Ivana.
E, para fortalecer essa disputa, na opinião dela, é necessário se pensar um movimento social da cultura transversal que possa juntar todos os segmentos. “Não dá mais para pensar que o ativismo politico se dá apenas das formas tradicionais. Se conseguirmos articular os novos movimentos com os movimentos que já estão aí a gente tem uma explosão no Brasil de um movimento articulado, esse movimento social da cultura”, pontuou.
Nessa batalha, “a cultura está no centro da luta de classes”, disse o coordenador do Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) da UNE, Rafael Buda. Para ele, esse Congresso da UJS, que traz como tema “Nas redes e nas ruas”, é o momento da juventude criar propostas reais de articulação de redes. “O DCE, o DA, Os pontos de cultura, o Fora do Eixo, todos esses movimentos são redes. Temos então que saber como conectá-las e promover ações conjuntas”
Cultura para a luta
O criador do Programa Cultura Viva –que mudou a cara do fazer cultural no Brasil com a potencialização de Pontos de Cultura em todo o território nacional–, o historiador Célio Turino, citou o líder da Guerrilha do Araguaia, o lendário Osvaldão, que foi esquartejado pela ditadura militar, para contextualizar o que o movia a fazer a luta naqueles tempos. E provocou: O que faz o jovem hoje retomar essa vontade de lutar?
Para ele, a cultura. “O que nos move portanto na busca de uma utopia e de um horizonte emancipador mais adiante é a cultura. E a cultura é intangível, ele diz respeito a condutas a valores. É preciso estabelecer interlocuções de mãos duplas. O jovem pelo jovem. O índio pelo índio. Daí vem a rede de jovens cineastas indígenas. Hoje tudo é um processo unidirecional”, frisou.
Outro importante convidado que contribuiu para o debate é uma figura que fez parte do histórico Centro Popular de Cultura, o CPC, e esteve presente em praticamente todas as Bienais da UNE. O secretário de Políticas Culturais do Ministério Cultura, Sérgio Mamberti, citou Che Guevara –que um dia disse que sua atividade política era uma obra alicerçada na juventude–, e convocou: “Temos que ser sujeitos protagonistas deste projeto de desenvolvimento que leve em conta os valores culturais”.
Lembrando que este é um ano eleitoral, o coordenador do Coletivo Nacional de Cultura do PCdoB, Javier Alfaya, disse que é essencial colocar esse tema no centro. Ele, que é um dos fundadores da UJS e foi presidente da UNE, criticou o pensamento preponderante na sociedade e propôs uma inversão importante no sentido de pensar a educação como um processo mais amplo da cultura e não o contrário.
O 16º Congresso Nacional da UJS continua com atividades até domingo, dia 10/05, quando será aprovada uma resolução final e eleito o novo presidente e a nova diretoria.
Do Rio de Janeiro, Rafael Minoro
Fonte: UJS Nacional

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