sábado, 13 de abril de 2013

A importância dos estudantes na transformação do País


A UBES mais uma vez foi decisiva para fazer as mais avançadas bandeiras da juventude se expressarem de modo massivo para o benefício e a visibilidade das maiores causas nacionais. Que seria da nossa Jornada de Lutas sem a meninada com cabeça de gente grande que é a militância secundarista? Tomando umas, recordava de meu ingresso na militância juvenil e comunista ainda no Salomé Bastos, na 8ª série, com 14 anos, de onde partiria ao glorioso Liceu do Ceará para as jornadas do Fora Collor. Lembrava que à época, tinha cabelo na cabeça e o não os tinha no peito. Lembrava dos amigos que fiz e que permanecem até hoje, como Andrea Oliveira, Flávio Arruda, Joao Marcelo Nogueira Martins, Viviane Rodrigues, Paulo Rogério Gomes de Sousa e tantos! Lembrava dos primeiros amores escruciantes e de onde peguei as emoções que me impulsionam na luta até hoje.

E lembro, sobretudo, daquela força das multitudinárias marchas do Fora Collor que plasmaram em mim a convicção do poder da juventude nas ruas e com bandeiras claras, como é hoje a defesa dos 10% do PIB, os 100% dos Royalties e os 50% do fundo social do pré-sal. Ontem, quando estivemos com a Presidenta Dilma, ficou cristalina a responsabilidade da juventude fazer tremer o país e o povo entender o que está em jogo no destino do pré-sal. Pela primeira vez a riqueza do país ser destinada ao seu povo, à superação da miséria e da desigualdade, ao futuro, ao desenvolvimento, à base de educação e ciência que permita ao trabalho brasileiro libertar-se da vergonhosa proeminência da produção da matéria prima que, esclarece-nos Tom Zé é “o grau mais baixo da capacidade humana” e que ainda domina – e com grande e crescente margem – a nossa relação comercial com o mundo.

Quando ouvia sobre essa imensa responsabilidade que cabia à juventude, pensava comigo mesmo: “olha só como a juventude consegue – a despeito dos imbecis que a menospreza, inclusive com um discurso pseudo-esquerdista – pautar o centro do projeto nacional”! E pensava, sobretudo: “É, Dilminha, moçada, para demover esse congresso atrasado, para calar a boca da imprensa bandida, para amedrontar os interesses das multinacionais e do imperialismo, para sacudir o país, só se a base da UBES encher novamente as ruas e praças do país, para – com toda a paixão da passagem da adolescência e da juventude – indicar ao Brasil o caminho do futuro.

E essa mesma moçada, espremida nos ônibus, alvo da violência, com uma escola que não serve, que não teve educação infantil e creche, cujas mães e pais ralam em empregos sofridos, essa moçada que representa a base do movimento hip hop, a base das periferias, a moçada que é segregada pela falta de mobilidade urbana, toda essa galera, será que eles e elas sabem, que a escola integral do Brizola, as creches que abrirão caminho à igualdade, a reforma do ensino médio para que todo jovem possa escolher se será um técnico ou um universitário, as reformas e as novas escolas, os salários das professoras(es) e profissionais, será que sabem que tudo isso está à mão, como nunca antes? Será que os estudantes secundaristas sabem como pode ser importante – mais uma vez – a sua ação para o futuro do Brasil?!

Talvez não, porque a exclusão é demais, e porque o movimento secundarista sofreu duríssimo golpe na sua organização local e nacional quando nos anos de FHC se legalizou o liberou geral para as máfias e os inimigos da meia entrada a desmoralizarem com as infinitas e falsificadas carteiras que não servem – como antes – à luta, à cidadania, à politização, às mobilizações, sedes, carros de som, panfletos da juventude secundarista. É esse desmonte que ainda vigora a base para que tanta maldade se cometa com a juventude mais carente e linda das periferias, as crianças de rua a consumir o crack, a moçada que deixa a sala de aula porque não tem o que lá aprender e são seduzidas pela imprensa bandida e seus valores consumistas e desesperadores.

Essa é a consequência da desestruturação material da mais importante alavanca da luta de massas na juventude, representada na mais que gloriosa União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e sua base infinita de dezenas de milhões de jovens de todos os municípios brasileiros e que o estatuto da Juventude pode corrigir. É esse o desafio que Manuela Braga e nossa meninada enfrenta quando dirige, com valentia, abnegação, militância apaixonada, tantos grêmios, UMES e Uniões Estaduais, mesmo sem um tostão, mesmo pedindo grana pro passe e pro almoço. A vida dos secunda nunca foi fácil. Por isso eles e elas, filhos dos trabalhadores e trabalhadoras, são a parcela que sempre mais me emocionou na juventude, porque eu nunca deixei de ser secunda. Por isso a UBES não precisa ser a UNE, porque quando a UBES se move, o Brasil treme, já que o outro nome para os secundaristas é povo nas ruas, o que a Jornada de Lutas da Juventude outra vez comprovou, indiscutivelmente.

E isso, mais que nunca, estimula a responsabilidade dos movimentos juvenis e do movimento sindical da educação apoiarem a UBES. Afinal, é na compreensão dos estudantes secundaristas, é na possibilidade de atuação de suas direções que repousa o maior potencial tectônico da luta para que o Brasil revolucione a Educação brasileira. Que fará o Congresso se a juventude secundarista se levantar pelos 100% dos royalties, os 50% do Pré-Sal e os 10% do PIB? Que farão os secundaristas se a UBES conseguir lhes dizer o que está em jogo?

O que aconteceria se no dia 02 de junho, os 10 mil participantes do Congresso da UNE se unissem, em Brasília, com caravanas secundaristas de todo o país, para pressionar o Congresso Nacional?

Desculpem, eu sei que sonho muito… é um velho hábito secundarista.

Por: Paulo Vinícius, Mestrando em Ciências Sociais, sociólogo e Secretário Nacional de Políticas para a Juventude CTB

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