sábado, 4 de maio de 2013

Igor Mayworm: Regulamentação do ensino privado

Igor Mayworm, Movimento Bloco Na Rua na Universidade Gama Filho
Igor Mayworm, petropolitano,  presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro, em entrevistas ao Bloco na Rua, faz um balanço sobre as mobilizações dos estudantes das universidades privadas, que entre outras coisas criou a CPI do ensino superior privado no Rio de Janeiro.

Bloco na Rua: Como se iniciaram as recentes mobilizações dos estudantes de universidades privadas no Rio de Janeiro?

Igor: O problema começou após o Grupo Galileo Educacional comprar as universidades Gama Filho e UniverCidade em meados de 2011. Em dezembro deste mesmo ano, o Galileo demitiu cerca de 800 pessoas, entre professores e funcionários, além de demiti-los não pagou seus direitos trabalhistas.

Em seguida o grupo Galileu impôs um aumento abusivo na mensalidade. Os reajustes variavam entre 18% e 40%, indo bem acima dos 5,9% determinados pela taxa de inflação educacional da época.

Organizamos os estudantes e fizemos passeatas, a justiça obrigou a mantenedora a respeitar a legislação, que permite aumentos de acordo com a taxa de inflação educacional, de 5,9% na época, entretanto, pouco tempo depois, o desembargador Mauricio Pereira dos Santos deu ganho de causa à mantenedora das universidades, elevando muito a evasão dos estudantes.

Bloco na Rua: Além do aumento de mensalidades houve outros problemas também?

Igor: Sim. Além das demissões começam a ocorrer atrasos no pagamento de salários dos professores, descumprimento de contratos que vão desde a limpeza das universidades, a segurança, água e luz, ou seja, um verdadeiro caos instalado nestas instituições.

Bloco na Rua: E vocês retomam as mobilizações?

Igor: Não só mobilizações de rua como greve também. Realizamos conjuntamente com os professores uma greve de 47 dias. A greve só terminou depois que realizamos uma ocupação de uma semana na sede do grupo Galileo Educacional, daí os salários foram pagos e as aulas voltaram à normalidade.

Bloco na Rua: Mas surgem novos problemas?

Igor: No segundo semestre as universidades voltam a atrasar os salários e, o que considero muito grave também, descumprem compromissos financeiros com a Santa Casa de Misericórdia, que servia como hospital universitário, por tanto, imprescindível para a formação dos estudantes de medicina.

É partir daí que reivindicamos a instalação da CPI do ensino privado na Assembleia Legislativa do Rio.

Bloco na Rua: A CPI já apresentou algum resultado?
CPI das Universidades Privadas – RJ
Igor: Destaco em primeiro lugar que a CPI é para investigar todas as universidades privadas do Estado do Rio, não só as do grupo Galileo, isso é uma grande vitória!

Um relatório já foi produzido, nele a CPI pede o indiciamento de vários reitores por lavagem de dinheiro, desvio de recurso público, gestão fraudulenta, apropriação indébita, formação de quadrilha entre outros! O relatório pede também o indiciamento do Grupo Galileo Educaional, e dos reitores da UGF, UC e da UCAM (Universidade Cândido Mendes).

Bloco na Rua: E o ministério da educação tomou alguma providencia?

Igor: Fomos a Brasília com dois ônibus de estudantes destas universidades, participamos da jornada de lutas da UNE e exigimos uma intervenção do MEC.

O ministério instituiu uma comissão paritária, por tanto, com estudantes, professores, funcionário e mantenedora.

Bloco na Rua: o Movimento Bloco na Rua tem se posicionado contra o capital estrangeiro e pela regulamentação do ensino privado?

Igor: Exatamente! Muitos destes problemas ocorrem por que estas universidades estão na bolsa de valores, o mesmo cara que investe na Hyundai, ou na Petrobras, investe em grupos educacionais. Como a lógica destas pessoas observa apenas o lucro em detrimento da qualidade, os estudantes saem muito prejudicados. Por isso nosso movimento é contra o capital estrangeiro nas universidades. Todas estas mobilizações são lideradas pelo Bloco na Rua e, vamos levar muitos estudantes para o congresso da UNE e aprovar o fim do capital estrangeiro.

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