sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A gula do mercado pela educação não tem fim Estácio compra UNISEB





Aquisições de universidades denunciam o crescimento do negócio que atinge 5 milhões de alunos no país

Na semana passada foi anunciada a fusão da União dos Cursos Superiores SEB (Uniseb) com a rede de ensino Estácio Participações. De acordo com o diretor de Universidades Privadas da UNE, Mateus Weber, assim como no caso Kroton-Anhanguera e FMU, a compra da Uniseb pela Estácio demonstra mais uma vez a necessidade de fortalecimento da mobilização pela aprovação do projeto de lei que cria o Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação do Ensino Superior (Insaes), com a regulamentação da educação privada e instituição do Sistema Nacional de Educação (SNE).

“A compra de instituições por empresas internacionais acarreta mudanças em projetos pedagógicos de cursos que já passaram por avaliação, demissão de mestres e doutores e rebaixamento da formação dos estudantes e profissionais”, avalia o diretor da UNE.

Para ele, existe uma total despreocupação com um projeto de desenvolvimento para o país ou compromisso com uma educação de qualidade, pública e gratuita. “Por isso, convocamos todos os estudantes a se somarem nessa luta contra o capital estrangeiro na educação”.

Fundada em 1999, a Uniseb tem 37,8 mil alunos e três campi – em Ribeirão Preto, Araçatuba e São José do Rio Preto -, oferecendo 14 cursos superiores presenciais, 13 cursos superiores à distância, seis cursos de pós-graduação presencial, 24 cursos de pós-graduação à distância e 36 de pós-graduação/MBA em parceria com a Fundação Getútlio Vargas.


A compra ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “A fusão só é avaliada economicamente. Do ponto de vista da qualidade educacional, o Insaes é quem vai poder ponderar sobre esse tipo de ação. Por isso a UNE junto com as entidades de educação tem pressionado tanto pela efetivação do órgão”, explica Mateus.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) tem atuado junto ao Cade, ao Ministério da Educação, ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Fórum Nacional de Educação (FNE) para evitar negociações como essas. A Contee tem ainda intensificado as ações junto dos deputados e à UNE pela aprovação do Insaes. http://www.une.org.br/2013/06/orgao-para-avaliar-ensino-superior-e-aprovado-em-comissao-da-camara/

No fim de julho, o FNE aprovou sua 15ª Nota Pública convocando o Congresso Nacional, o MEC e o Conselho Nacional de Educação (CNE) para, em conjunto com o Fórum e suas entidades, abrirem um amplo debate sobre o processo de fusão de instituições privadas de ensino.


De acordo com estudo feito pela consultoria Hopes e divulgado no fim de agosto, o faturamento das instituições particulares de ensino superior cresceu 30% em dois anos. O valor de R$ 24,7 bilhões em 2011 subiu para R$ 32 bilhões em 2013, segundo estimativa para esse ano. As recentes fusões e aquisições de faculdades e universidades criaram gigantes monstruosos no setor e contribuíram para o crescimento do negócio que atinge 5 milhões de alunos no país.

Conforme o Censo de Educação Superior do Ministério da Educação, dos 6,7 milhões de estudantes universitários do país, 73,7% deles estão nas instituições particulares. Além disso, um grupo de 13 grandes conglomerados tem 36,2% de participação deste mercado de instituições privadas, segundo o levantamento da Hoper. Sozinho, esse grupo de empresas reúne 1,8 milhão de estudantes, o que corresponde a 37,6% do total de estudantes de faculdades particulares e cerca de 28% do total de alunos do ensino superior de todo o país.

Fonte: CONTEE

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