sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A história de Honestino passada a limpo


Ele foi perseguido, sequestrado, torturado e morto. Honestino Guimarães foi estudante da Universidade de Brasília (UnB), presidente da UNE e tinha 26 anos quando foi preso pela CENIMAR (Centro de Informações da Marinha), em 10 de outubro de 1973 no Rio de Janeiro. Depois disso, nunca se teve nenhuma notícia. Apenas em março de 1996 a família Guimarães recebeu uma certidão de óbito, sem a causa da morte. Até hoje não se conhece o local nem as circunstâncias de sua morte ou mesmo o paradeiro dos restos mortais.

Agora, na próxima sexta-feira (20/9), a partir das 14h, no Memorial Darcy Ribeiro, na UNB, acontece cerimônia de anistia post mortem do líder estudantil. O processo será instaurado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça durante a 73ª Caravana da Anistia, responsável pelo julgamento de processos de perseguidos políticos pelo Estado. Nesta edição na UNB a Caravana vai homenagear professores demitidos pelo regime militar e estudantes e funcionários que foram perseguidos pelas forças repressoras. A cerimônia reconhece a culpa do Estado e faz um pedido oficial de desculpas para a família. Além disso, reconta a história deturpada por documentos adulterados pelo regime militar.

Para Matheus Guimarães, sobrinho de Honestino, este é um passo simbólico, mas que não deixa de ser importante, sobretudo para manter viva a memória. “A importância da verdade e da justiça é grande não só para a família, mas para o país como um todo”, afirmou.

E continua: “se a gente deixa essas lacunas abertas, crimes sem julgamento, estamos deixando brechas para que fatos como esse continuem acontecendo. Como crimes de sequestros, chacinas, que ainda ocorrem com jovens de periferia, povos indígenas ou defensores ambientais onde a impunidade permanece. É fundamental que se coloque um ponto final, que não é o esquecimento, mas a verdade”.

“Ainda existem respostas que a gente busca, esperamos que com os trabalhos das Comissões da Verdade Nacional e da UNE, por exemplo, a gente tenha a verdade estabelecida e fatos importantes venham à tona”, destacou Matheus.

Para iluminar este período na história brasileira e por sua importância como líder estudantil que deu sua vida à luta por seu País que Honestino Guimarães foi o primeiro escolhido para investigação da Comissão da Verdade da UNE, instalada em janeiro deste ano, durante o 14º Conselho Nacional de Entidades de Base, o Coneb, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Desde então, a Comissão da Verdade da UNE realizou encontros e se debruçou em textos, relatos, notícias e jornais que podiam esclarecer fatos da vida do estudante goiano até o seu desaparecimento.

A equipe de trabalho da Comissão tem como conselheiro Paulo Vanucchi, ex-ministro dos Direitos Humanos e integrante da Comissão Nacional da Verdade. Além disso, colaboram pesquisadores, estudantes e historiadores que tratam sobre o período e o movimento estudantil.

Durante o 53º Conune, realizado de 29 de maio a 02 de junho em Goiás, a Comissão apresentou um documento inicial em que levanta fatos e cobra informações oficiais, do CENIMAR, por exemplo, para reconstituir como foi interrompida a trajetória de um dos milhares de estudantes fez da sua vida uma bandeira pela liberdade e pela transformação social do Brasil. Assim como a família, a UNE quer saber: onde está Honestino Guimarães?

Fonte: UNE

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