quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

8ª Bienal da UNE: Similaridades entre Lampião e Gonzagão


Desde pequenos, os meninos de Araripe-PE viam em Virgulino Ferreira da Silva o grande herói do Sertão. Quando surgiu o boato de que o cangaceiro e seu bando passaria pela cidade, Luiz Gonzaga queria ser o primeiro a vê-lo. O encontro que nunca aconteceu, ficou no imaginário do artista que, ao ganhar fama, adotou o chapéu de couro semelhante ao usado por Lampião, difundindo assim a identidade nordestina no cenário nacional.

Com o tema “Lampião e Gonzagão – duas faces de um mesmo nordeste”, o Espaço Forrobodó recebeu para o debate a neta de Lampião e Maria Bonita, que hoje presidente a OSCIP Sociedade do Cangaço, Vera Ferreira. Também participou o colecionador e especialista da obra de Gonzagão, Paulo Vanderley Tomaz e o escritor e estudioso em Cangaço, Antônio Amaury Correde Araújo.

Tendo como origem as questões sociais e fundiárias do nordeste, o cangaço teve Lampião como principal homem. Luiz Gonzaga por sua vez, cantou o desenvolvimento, a esperança e a busca pela melhoria de vida no sertão. Os dois, de formas destintas, fizeram de suas vidas o caminho para um novo país.

A plateia composta por estudantes e professores universitários participou ativamente do debate, abordando questões curiosas e desconhecidas da vida dos nordestinos.

Estudar o cangaço e outras revoluções sociais como Canudos e Balaiada deveria ser uma prioridade dentro do cronograma educacional brasileiro na opinião de Vera. “Sabe-se muito pouco sobre o cangaço e as pessoas não procuram entender realmente este movimento, a essência do cangaço. Mocinho ou bandido? É muito mais do que isso. Ele mostrou para o Brasil que existia o Sertão, que existia o povo que estava esquecido, com ausência de autoridade, isso o cangaço fez o seu papel”, pontuou.

“O que se escreve de absurdos sobre Lampião é uma festa. Dizem que Lampião jogava criança para cima e parava na ponta do punhal. Isso nunca aconteceu. Querem denegri-lo em todos os sentidos falando sobre matanças e paternidade”, confirma o pesquisador Antônio Amaury.

Manter viva a trajetória de Luiz Gonzaga também é preocupação do colecionador Paulo Vanderley. Ex-morador de Exú, ele teve a oportunidade de conviver com Gonzagão, amigo de seu pai. Toda essa admiração resultou em um projeto de divulgação de sua vida e obra . O fã mantêm um portal na internet que funciona como um memorial virtual do célebre sanfoneiro. Visite aqui www.luizluagonzaga.com.br

Neste ano, a primeira grande homenagem para Luiz Gonzaga é a 8ª Bienal da UNE. “Não há paralelo de homenagens na música popular brasileira como as homenagens a Gonzaga. Só em 2012 foram centenas de trabalhos em diversos formatos. CD, mais de 18 livros lançados, documentários. É um fenômeno da nossa música”, afirmou Paulo.

Vera revelou que muito em breve será construído um museu em nome de seus avós. O objetivo é desmistificar e revelar as verdadeiras histórias, tanto de Lampião e Maria Bonita, quanto de seu bando.

” É uma areia movediça. Com informações desencontradas é muito difícil estudar o cangaço. Nosso objetivo é reunir em um só espaço o máximo de informações possíveis sobre o movimento. Esse será um trabalho muito importante para manter viva a história de meus avós”, garantiu.

Fonte: UNE

Nenhum comentário:

Utilizadores Online