sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Morales ataca postura imperialista de Obama e propõe investigação contra americano

A verdade nua e crua. Assim pode ser visto o discurso de Evo Morales, presidente da Bolívia, proferido ontem (25), contra Barack Obama, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece em Nova Iorque, Estados Unidos.

Criticando o autoritarismo, o desrespeito aos direitos humanos, a intervenção militar em outros países, os ataques à democracia e soberania dos povos, Morales foi objetivo, direto e audaz contra o imperialismo norte-americano, chegando a propor até mesmo um “tribunal dos povos”, para investigar os crimes de lesa-humanidade de Obama, e presentear o presidente com um Prêmio Nobel da Guerra.

Morales usou a Tribuna mais importante do mundo para falar alguns duras verdades, ou “lavar a roupa suja” na casa do próprio Obama. Com muita audácia, o mandatário boliviano mandou seu recado bem direto, questionando o “cinismo” e autoritarismo de Obama, em discursar mentiras aos povos, na Assembleia: “Há muito cinismo quando (Obama) fala de justiça, de liberdade e de paz como se fosse dono do mundo. Aqui não existe donos do mundo, cada país tem sua soberania e dignidade”, pontuou.

Segundo Morales, o presidente de uma potência como os Estados Unidos “não pode mentir para as Nações Unidas” falando de justiça quando “é o primeiro governo da injustiça”, e muito menos ainda, falar de paz, já que “é o primeiro governo que intervém em outros países”.

O boliviano expressou sua surpresa com o retrospecto que Obama desempenhou em seu Governo, já que quando se elegeu, em 2008, tinha como promessa, acabar com a guerra, porém, isso não ocorreu.

“Agora vemos completamente o contrário. Vem de uma família discriminada como eu, atraiu a minha atenção, mas agora vemos totalmente o contrário, talvez a isso se deva o prêmio Nobel da Paz, no entanto, talvez devessem dar-lhe o prêmio Nobel da Guerra”, ironizou Morales.

Morales ainda lembrou o incidente diplomático em que se viu envolvido, em julho passado, quando vários países europeus fecharam seu espaço aéreo para o avião do presidente boliviano, sob suspeita de que o ex-agente da CIA Edward Snowden estaria a bordo da aeronave. O mandatário apontou ainda que, muitos países também fazem isso contra as comitivas da ONU.

“Como se pode falar de democracia quando os serviços de espionagem dos Estados Unidos violam direitos humanos, não apenas dos governos anti-imperialistas, mas também dos seus próprios aliados, dos seus cidadãos e até da ONU?”, questionou.

E atacou diretamente os Estados Unidos, ao pontuar que “não pode haver donos do mundo”, e “a segurança do império e a luta contra o terrorismo” não podem se tornar instrumento para intervenções militares unilaterais, acrescentando com uma lição a Obama:

“O terrorismo não se combate com medidas unilaterais, que eu saiba combate-se com mais política social, mais tolerância religiosa, mais democracia, mais igualdade e mais educação”, destacou.

Dando sequência ao discurso, Morales recomendou até mesmo a criar uma “tribunal dos povos”, a fim de julgar Obama, por “crimes de lesa-humanidade”.

“Já que estamos aqui debatendo sobre a vida e a humanidade, quero sugerir-lhes um tribunal dos povos para começar um processo contra o governo de Obama”, sugeriu, e disse ainda que é preciso julgar Obama “pelos bombardeamentos dos Estados Unidos na Líbia”, questionando-lhe “de quem é agora o petróleo da Líbia?”.

Morales também criticou Obama, por querer “controlar as armas nucleares e as armas químicas, quando nem sequer controla, nem destrói, seu próprio arsenal de armas nucleares”. Ponderou também sua recomendação para que os Estados Unidos não sediassem a ONU. Ele lembrou que, há muitos anos, ele solicitou a mudança, pois “muitos presidentes, ministros e autoridades se sentem inseguros nos Estados Unidos”, enquanto outros “estão vetados e não têm visto” para entrar no país, por isso, é importante que a sede seja “em um Estado que ratifica todos os tratados da ONU”, e pontuou mais uma vez, a postura de “dono do mundo”, de Obama.

“Como é dono da casa, o presidente Obama fala como guarda, como um patrão, como dono do mundo e, justamente para não escutar esse cinismo, eu havia considerado, a princípio, não assistir a essa reunião”. A mudança de ideia só ocorreu após conversar com outros líderes latinos.

Em sua conclusão, Morales fortaleceu as críticas ao sistema capitalista e à concentração do capital em poucas mãos, e pontuou que enquanto houver esse modelo econômico, haverá também pobreza e o confronto entre os povos. “Esse modelo econômico atenta também contra a vida e a natureza”, finalizou.

FONTE: UJS Nacional

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