sábado, 26 de outubro de 2013

Dilma pede desculpa a médico cubano hostilizado

A presidenta Dilma Rousseff agradeceu ao médico cubano Juan Delgado, 49 anos, que foi vaiado e hostilizado de maneira preconceituosa e elitista ao desembarcar no aeroporto de Fortaleza, em agosto passado. O ato gerou repúdio do governo. “Não apenas pelo fato de ele ter sofrido um imenso constrangimento ao chegar ao nosso país, do ponto de vista pessoal e do governo, eu peço desculpas a ele”, disse Dilma, durante seu discurso na cerimônia de sanção do Programa Mais Médico, na última terça-feira (22), 

em Brasília.

Já o ministro da saúde, Alexandre Padilha, classificou o episódio de “corredor polonês da xenofobia” e disse também, que esse sentimento não representa o espírito do povo brasileiro ou mesmo da maior parte dos médicos do país. O evento contou com uma platéia de 600 médicos, sobretudo estrangeiros.

O programa criado pelo Ministério da Saúde causou pânico na elite médica brasileira e foi extremamente criticado pelas entidades representativas desses profissionais, que passaram a atacar com virulência o projeto, sem levar em consideração a realidade brasileira e a necessidade de profissionais da saúde nas regiões mais carentes, as quais os médicos brasileiros se recusam a ir.

A intriga foi pior em relação aos profissionais de Cuba, por puro preconceito, já que a medicina exercida em Cuba, por ser um país socialista, não obedece à lógica do mercado capitalista que visa somente o lucro financiado pela desgraça alheia. O país trabalha com o conceito de “medicina preventiva”, ou seja, procura evitar que as pessoas

fiquem doentes.

Segundo a revista New England Journal of Medicine no sistema de saúde cubano toda população tem um médico de família. E tudo é gratuito. Apesar de dispor de recursos limitados, seu sistema de saúde resolveu problemas que o Tio Sam ainda não conseguiu sanar.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, que considera o sistema cubano um modelo a ser seguido, Cuba conta hoje, com 6,4 médicos por mil habitantes. No Brasil, esse índice é de 1,8 médico por mil habitantes. Na Argentina, a proporção é de 3,2 médicos por mil habitantes. Em países como Espanha e Portugal, essa relação é de 4 médicos para cada mil habitantes.

A partir dessa semana, o Ministério Público poderá emitir os registros provisórios para profissionais estrangeiros que ainda não obtiveram o documento. A possibilidade de o ministério conceder os registros foi incluída no texto da MP porque médicos estrangeiros contratados pelo programa estavam com dificuldades para conseguir os registros nos conselhos regionais de medicina.

De acordo com o governo, em alguns casos os conselhos estavam exigindo dos profissionais documentos para obter o registro além daqueles exigidos pela legislação. “Mais uma vez finalizo agradecendo aqueles que não trouxeram sua família, que estão com saudade e que demonstram imenso carinho ao povo brasileiro. Eles vieram nos apoiar, nos ajudar. Esse país vai ficar eternamente grato a vocês. Talvez essa participação de vocês seja a mais perfeita, a mais completa, não só forma de integração da América Latina e dos outros países, mas também é um atestado de cidadania brasileira”, completou a presidenta.

Natália Padalko, da redação

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