terça-feira, 19 de novembro de 2013

“O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos” Simone de Beauvoir

No ano de 2012 o caso da universitária indiana, vítima de estupro coletivo em um ônibus, chocou o mundo. Há algum tempo atrás, chocou-nos o caso da jovem Eloá, de 15 anos, morta por seu ex-namorado que não aceitava o término do relacionamento.

Todos os dias centenas de “Marias da Penha” surgem, vítimas de violência em seus lares por parte de seus companheiros, e esta semana, o caso da jovem de 17 anos que se suicidou ao ter sua relação sexual, exposta nas redes sociais, nos faz pensar: O que histórias tão diferentes têm em comum?

Indiscutivelmente as mulheres estão ganhando mais espaço no mercado de trabalho, nas universidades, tem mais escolaridade e mais direitos. Mas é também indiscutível que ainda vivemos sobre forte domínio do machismo que impõe seus padrões de comportamento, de beleza e de sexualidade, manifestando-se de diversas maneiras.

Na sociedade capitalista, as mulheres são vistas como propriedade, seja dos pais, maridos ou companheiros, o que não lhes permitem dispor de seu corpo e de sua vida, como desejarem. Além disso, é imposto um comportamento sexual “correto”, onde o papel das mulheres está longe de ser a de receptora de prazer.

Essa repressão sexual exercida desde a infância, ainda mais forte entre as jovens mulheres tem suas razões não somente em questões religiosas, culturais e de valores, por trás se esconde a própria opressão social do capitalismo.

Minha amiga Flavinha me apresentou um livro chamado “A Revolução Sexual” de Wilhelm Reich. Nele, o autor demonstra como a repressão sexual, desde a infância, forma seres tímidos, acanhados, dóceis, bem comportados e submissos frente a uma autoridade – seu pai, depois seu companheiro, e no final a própria sociedade. Ou seja, a repressão sexual fabrica indivíduos obedientes e servis, para se adaptarem e se subordinarem a essa sociedade autoritária.

A repressão sexual serve a essa sociedade capitalista, opressora, hipócrita e machista, e é um dispositivo de poder e de submissão sobre homens e mulheres, mas sobre tudo, sobre as mulheres.

A jovem não aguentou a “vergonha” frente a família e na escola. Mas onde foi que ela errou? Ao buscar a satisfação sexual? Porque a carga sobre ela foi mais pesada do que sobre o rapaz que também estava no vídeo? Porque pra ela fazer sexo virou um crime, tão terrível a ponto de tirar a própria vida? Essas são questões sobre as quais devemos refletir.

A escola como espaço não apenas de formação científica, mas de desenvolvimento integral do individuo como cidadão crítico, precisa cumprir seu papel nisso, uma educação sexual, livre de preconceitos e tabus ajudaria a esclarecer algumas questões que perturbam e oprimem nossos jovens.

O problema não está na jovem em busca de prazer, está em nós. A jovem piauiense infelizmente foi morta pelo machismo nosso de cada dia.

Por uma Educação Sexual nas escolas!

Combater o machismo, emancipar as mulheres e construir o socialismo!

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