sábado, 27 de julho de 2013

Denunciar a condenação arbitrária de cubanos nos EUA é tarefa humanitária


Os 5 cubanos presos nos EUA viraram heróis

Na continuação da entrevista com José Angel Maury, secretário de relações internacionais da União da Juventude Comunista (UJC) de Cuba (leia a primeira parte da entrevista aqui), Maury discorre sobre a importância de Che Guevara na formação da juventude em seu país e se emociona ao falar do revolucionário argentino-cubano e também sobre a questão dos cinco cubanos encarcerados, por quase 15 anos, nos Estados Unidos, num julgamento totalmente suspeito.

Abaixo a íntegra da continuação da entrevista que teve sua primeira parte publicada ontem:

UJS – Continuando a falar do Brasil. Aqui as mulheres compõem 50% da população, mas não têm igual representação política e nem em cargos de direção no setor privado. Predomina um machismo secular. Em Cuba é diferente?

José Angel Maury – Em Cuba todos vivem em condições de igualdade. Aliás, a mulher cubana ocupa 60% da força laboral do país e também 60% dos cargos de chefia em todos os setores da vida cubana. Na Assembleia Nacional, as mulheres são cerca de 50%, inclusive.

A revolução tem desenvolvido uma política na qual defende a igualdade de direitos para toda a sociedade. A igualdade de oportunidades é uma política do Estado. Em todos os âmbitos da sociedade as mulheres têm participação importante.

UJS – A juventude cubana se sentiu afetada pela espionagem norte-americana na telefonia e na internet?

JAM – Cuba é espionada há mais de 50 anos pelo imperialismo ianque. Neste caso da denúncia de espionagem feita pelo governo norte-americano na internet e em telefones do mundo todo, a Revolução Cubana sempre se colocou do lado daqueles que lutam por um mundo melhor. E o Ex-agente da CIA Edward Snowden é um cidadão que se apegou à verdade e decidiu denunciar um conjunto de fatos importantes para conhecermos o verdadeiro caráter do imperialismo.

É importante destacar como funciona o sistema de espionagem que Cuba já conhecia. Entendemos que o governo norte-americano trata o Snowden como “traidor da pátria” para desviar a atenção da opinião pública para o tema central que é a invasão de privacidade dos cidadãos e dos Estados nacionais, ofendendo a soberania dos países.

Na verdade, é muito fácil para os norte-americanos desviar do assunto mais importante na questão. São eles que fabricam as notícias e as espalham pelo mundo. Dessa maneira, querem apagar a informação que se revelou pela denúncia do ex-agente da CIA.

O caso envolvendo o avião do presidente da Bolívia Evo Morales é ilustrativo. O imperialismo utilizou Snowden para fazer provocação à Morales e criaram mais um fato para desviar do foco principal.

UJS – A blogueira cubana Yoani Sánchez espalha pelo mundo que falta liberdade em Cuba, mas ela mora e mantém um blog no país, pelo qual expressa todas as suas opiniões. Ela entra e sai de Cuba a hora que quer e seu blog funciona bem, como se explica isso?

AJM – Como vê ela própria se desmente. Porque essa liberdade que ela tem, mostra que há liberdade de expressão em nosso país. Mas essa moça é uma mercenária que recebe benefícios econômicos através da outorga de prêmios, que se constitui numa nova forma de pagar pelo trabalho de pessoas que servem aos imperialistas.

Ela mora em Cuba, mas não é conhecida nem por seus vizinhos. Não tem a representatividade que querem passar para a opinião pública, Ela não representa nada. Não passa de uma personagem midiática criada pelos ianques par tergiversar sobre a realidade cubana.

UJS – Como a juventude encara a prisão dos cinco cubanos, condenados nos Estados Unidos como terroristas e o que ações estão promovendo para conseguir libertá-los?
Cartaz denunciando a manipulação da justiça norte-americana


JAM – O povo cubano está convencido de que a única maneira para liberar os cinco, somente rompendo o muro do silêncio midiático criado nos Estados Unidos. Para nós, os recursos legais já estão todos esgotados e estamos convencidos de que o único caminho é mostrar toda a realidade desse julgamento injusto para a sociedade norte-americana.

O que fizeram com esses cinco cidadãos cubanos não é somente uma injustiça, já se refere a questão de Direitos Humanos. No dia 12 de setembro completará 15 anos que eles estão presos, sem contato com sãs famílias. São privados de estar com suas esposas, da convivência familiar, Até a perda de pais ou irmãos eles não podem acompanhar. São privados do direito fundamental de formar uma família. Não puderam acompanhar o crescimento de seus filhos, que também foram privados de seus pais. Tem sido negado a eles todos os direitos a uma vida junto de quem amam e os ama.

UJS – Como foi o julgamento deles?

AJM – O julgamento foi em Miami. Como pode haver justiça se não tiveram o direito amplo de defesa respeitado. Foi um julgamento sem ética, sem credibilidade. No dia do julgamento pagou-se a inúmeros jornais norte-americanos para manipular a informação para criar clima desfavorável na opinião pública e impedir um julgamento justo nesse processo.

O tema foi apagado da opinião pública norte-americana. Por isso, estamos pedindo a todos as pessoas, essencialmente aos jovens, do mundo que se sensibilizam por causas justas para ajudar a romper esse silêncio midiático. Já está provado que o processo judicial foi manipulado para condenar os cinco, mesmo sem provas. Foi um caso orquestrado para servir aos interesses da máfia terrorista e anticubana de Miami.

A estratégia agora é divulgar massivamente o caso, tanto quanto possível. Confiamos no trabalho do corpo a corpo, boca a boca para denunciar aos norte-americanos dessa injustiça cometida em solo de seu país, que querem democrático.

Apelamos aos jovens brasileiros sensíveis a causas humanas e justas, com contato com norte-americanos, que façam chegar e eles essa importante denuncia desse julgamento fraudulento, ocorrido em 12 de setembro de 1998.

UJS – O que Che Guevara representa para a juventude cubana?

AJM – Che é um paradigma, um exemplo a ser seguido. Sua qualidade de revolucionário, de combatente, de características humanas profundas, e lealdade a toda a prova com as causas justas da humanidade. Che tinha autenticidade, modéstia e sobrepunha os interesses coletivos aos individuais. Essas são as qualidades que os jovens cubanos admiram no comandante Che, além de eu internacionalismo, como deve ser todo revolucionário.

Para noticiar a morte de Che em outubro de 1967, Fidel convocou o povo e disse: “Como a gente quer que sejam as nossas crianças? Como a gente quer que sejam os n ossos jovens? Queremos que sejam como Che”. Isso mostra a importância que Che tem para Cuba e para o mundo.

Ele foi um expoente inigualável do homem do futuro. Estava a frente do seu tempo. Chegou a ser ministro de Cuba. Depois largou tudo para levar a revolução ao mundo. Foi ao Congo na África, voltou a Cuba e partiu pra a Bolívia, onde foi assassinado. Mas todas as suas atitudes mostram seu compromisso com a humanidade.
Em nosso país, todo cubano cresce conhecendo a história de Che, o temos como herói. E saber de sua história é importante para a formação do socialismo.

Um caso numa fábrica de bicicletas ilustra seu caráter e sua abnegação. Ao visitar a fábrica, o gerente presenteou uma de sua filhas com uma bicicleta. Che deu pesada bronca no gerente e pergunto à sua filha se ela sabia por que está devolvendo essa bicicleta. Ela respondeu que sim e foi devolver. Assim era Che.

Por Marcos Aurélio Ruy, da redação e Mateus Fiorentini, secretário geral da Oclae
FONTE: UJS

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