sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Chega de violência contra as mulheres

Já passou da hora de acabar com a violência contra a mulher
O Instituto Patrícia Galvão e o Data Popular divulgaram no dia 5 a pesquisa Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres onde constatou-se que 98% dos brasileiros conhecem a Lei Maria da Penha que completa 7 anos e tem ajudado no combate à violência contra a mulher.

Mas os prognósticos da pesquisa mostram que a mulher continua sendo agredida, principalmente dentro de casa, como disseram 70% dos entrevistados. Para a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci a violência não se restringe às classes pobres. Mas as mulheres das classes mais baixas têm menos medo e vergonha de ir “às delegacias” e são “as mulheres que mais denunciam são aquelas que dependem das políticas públicas e dos serviços públicos”. Acentua. Ou seja, as mulheres mais pobres são as mais vulneráveis, mas são as que mais se defendem. Já as de classe média e alta têm medo ou vergonha de ir a uma simples delegacia. 69% responderam que as agressões na acontecem somente em lares pobres.

Há que se reconhecer, porém, que ainda faltam muitas delegacias especializadas para o atendimento às mulheres vítimas de agressores. Como admite a secretária de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki. Para ela, “a efetividade da lei caminha lenta” porque “não temos delegacias especializadas em todo o país. Temos delegacias especializadas que ficam fechadas nos finais de semana e à noite, horários em que as mulheres mais precisam ter referências sobre aonde ir”, reclama.

A pesquisa aponta os problemas e mostra avanços porque a Lei Maria da Penha pegou e a luta contra a violência que acomete as brasileiras vai pouco a pouco fazendo parte do cotidiano. Mas questões comportamentais demoram muito mais a mudar no país. A violência contra a mulher é um traço cultural do brasileiro que já passou da hora de ser extinto. As escolas e os meios de comunicação poderiam exercer grande papel nessa transformação, mas nem um nem outro o fazem de maneira contundente.

Outro numa enquete do telejornal Repórter Brasil, da TV Brasil, sobre a questão dos idosos, vários entrevistados responderam que falta respeito ao próximo. Esse mesmo respeito tem que ser ensinado nas escolas desde a mais tenra idade. A juventude tomou as ruas para lutar por mudanças mais profundas na sociedade brasileira. Mudanças de mentalidade, tirando o foco do individualismo e trabalhando pelo coletivo, social. Mas nos meios de comunicação prevalece a velha tese do “vale tudo” para se dar bem.

Para a diretora do Instituto Patrícia Galvão, Fátima Jordão, “quando vemos notícias sobre agressão, vemos o agressor personalizado, o monstro que emparedou a mulher”, assim “passa-se a ideia de que existem doentes na sociedade, mas temos que passar a compreensão de que a sociedade é atrasada com essa questão e não entendeu que esse problema atinge graus de perversidade enorme competindo à mídia lidar com isso como um problema de uma sociedade machista”.

O representante do Conselho Nacional de Defensores Públicos Gerais, David Eduardo Dpiné Filho, observou que, enquanto a percepção da violência contra a mulher foi ampliada, a confiança no serviço público não aumentou na mesma medida e há ainda um deficit na qualidade do serviço prestado para essa mulher vitimizada. “Ela acaba sendo revitimizada quando procura uma Delegacia da Mulher e a burocratização do sistema ainda impede que essa mulher tenha no serviço público uma referência que lhe dê segurança para denunciar e não encontrar o agressor em casa para novamente a agredir”, analisa.

Resultados da pesquisa Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres:



A maioria (85%) acredita que as denunciantes correm riscos maiores de serem assassinadas. Por isso, foi criado um dispositivo pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo chamado de botão do pânico, que aciona a delegacia com a proximidade do agressor. O projeto piloto entregou aparelhos pra dez mulheres cujos ex-companheiros em desobediência às medidas protetivas determinadas pelo TJES. A juíza Hermínia Maria Azoury, coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar da corte capixaba, conta que “o botão do pânico passou a ser um inibidor para os agressores. Esses homens passaram a ficar com medo de que as ex-companheiras tenham o dispositivo e o acionem”, comemorou. A ideia é ampliar esse serviço.

Para 50% dos pesquisados a forma como a Justiça pune os agressores não faz reduzir a violência. E 86% reconhecem que as mulheres passaram a denunciar mais com a vigência da Lei Maria da Penha. O que por si só já representa uma vitória da lei. Inclusive dados recentes apresentaram o aumento de casos de estupros no país, a maior violência contra uma mulher. E tramita no Congresso um projeto de lei denominado Estatuto do Nascituro que apresenta a mulher como um ser incompleto e que pretende lhe tirar o direito até de decidir sobre o que fazer em caso de gravidez pro estupro e ainda premiar o algoz com a paternidade, obrigando a mulher a ter relacionamento com ele.

A juventude está nas ruas para transformar a sociedade e mudar o país. E para isso, há necessidade de mudanças substanciais na vida do brasileiro. Mais mulheres na política, mais mulheres em cargos importantes nas empresas e mais mulheres nas instâncias de decisão do país. Juntamente a isso mais delegacias de mulheres e punições muito mais rigorosas a agressores, sejam maridos, namorados, pais, irmãos, tios, avôs, etc.

Por Marcos Aurélio RuyFone: UJS

Nenhum comentário:

Utilizadores Online