sexta-feira, 23 de agosto de 2013

E os médicos cubanos estão chegando

Médicos de Cuba atendem no Haiti

O governo anunciou a contratação de 4 mil médicos cubanos até o fim de ano para suprir o Programa Mais Médicos. Os cubanos vêm para trabalhar nos locais onde os brasileiros se recusaram a ir. A maioria vai pra cidades nas regiões Norte e Nordeste nesta primeira fase em que chegam 400 médicos de Cuba já na segunda (26). Eles passarão por treinamento e irão atuar em cidades onde faltam médicos.

Bastou o governo anunciar essa contratação para a elite médica nativa ir ao delírio. Tanto que o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota precisou negar o viés ideológico dessa contratação. “A decisão de contratar médicos cubanos foi tomada em função de considerações dos melhores serviços possíveis, não tem motivação ideológica, há muitos médicos cubanos dispostos a fazer esse tipo de trabalho, talvez não tenha muitos médicos austríacos, por exemplo, dispostos a fazer esse trabalho”, disse o ministro.

“A questão de atração de médicos cubanos tem a ver com a carência de profissionais em áreas do Brasil”, assegura. “É algo que é aceito internacionalmente, dentro das estratégias de saúde. O acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) garante que estamos procedendo dentro das melhores práticas”, ressalta. “A ideia é atrair o médico que esteja disposto a trabalhar” e “não há um viés ideológico, mas, ao contrário, um viés humanitário”.

De acordo com o Ministério da Saúde, os médicos cubanos irão suprir a demanda de parte dos 701 municípios que não foram selecionados por nenhum médico na primeira edição do Mais Médicos.

Os conservadores se constrangem por que não entendem nada. O governo brasileiro pagará ao Ministério da Sáude de Cuba R$ 10 mil por mês, por médico contratado. Salário que os médicos brasileiros dispensaram. O governo cubano pagará os seus compatriotas. A mídia golpista fala até em “trabalho escravo”. Argumento que está entre a ignorância ou a má fé mesmo. Conhecendo a mídia nativa fico com as duas hipóteses.


A medicina em Cuba

A medicina cubana é reconhecida mundialmente pela excelência, ao contrário da brasileira, ineficiente e mercantilizada. A medicina cubana tem um caráter preventivo, e é altamente eficiente: a expectativa de vida em Cuba é comparável à dos países mais desenvolvidos do mundo. Hoje, a saúde pública britânica é como a de Cuba, focada na prevenção.

Outros países altamente desenvolvidos importam médicos quando eles são necessários para a saúde pública. E Cuba é um tradicional exportador de médicos. Há ou já houve médicos cubanos em 108 países.

A Organização Mundial da Saúde garante que Cuba tem os melhores índices de saúde do continente americano e do Terceiro Mundo. Texto de Pedro Porfírio, em seu blog, afirma que a medicina cubana “prioriza a prevenção e educação para a saúde” e com isso reduz custos com o setor na ilha caribenha. Os cubanos têm um médico para cada 148 habitantes com 100% de cobertura no país, prevalece o “médico de família” na ilha socialista. A mortalidade infantil dos cubanos faz inveja é de 4,9 nascidos por mil habitantes, inferior aos índices de EUA e Canadá. A expectativa de vida está em 78,8 anos.

A medicina no Brasil

O Brasil tem 1,8 médico para cada mil habitantes, na Inglaterra, são 2,7 e em Cuba, são 6 médicos par cada mil habitantes. No Brasil, segundo pesquisas, surgiram 147 mil novas vagas no mercado de trabalho, mas apenas 93 mil profissionais foram formado e que há 1,9 mil municípios com menos de um médico por 3 mil habitantes no Brasil e em outras 700 cidades, não há doutores com residência fixa. Nem é preciso dizer que esses 2,6 mil municípios sem assistência adequada estão entre os mais pobres e distantes dos grandes centros.

No país há 371.788 médicos, sendo que 266.251 localizam-se nas regiões Sul e Sudeste, 70% do total, os outros 30% dividem-se no restante do país. Já começa pelo ensino superior do setor, no qual 58% das universidades são privadas e os quase 13 mil médicos que se formam anualmente já aprendem a lógica do mercado e voltam-se para instituições privadas ou consultórios particulares. Dados revelam que mesmo onde há mais médicos no setor público a presença é 4 vezes menor do que no privado. Ainda pior, a formação de um médico, na universidade pública, custa ao redor de R$ 800 mil para o tesouro da União e dos estados e a maioria que estuda é oriunda das classes privilegiadas, por isso, tanta celeuma.

De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar existem no Brasil 46.634.678 usuários de planos de saúde e 354.536 postos de trabalho privados e consultórios particulares. Atendidos pelo Sistema Único de Saúde os outros 144.098.016 de brasileiros em 281.481 postos ocupados por médicos no setor público.


Hipocrisia de uma elite caótica

Os que se indignam com a contratação dos médicos estrangeiros, são os mesmos que não aceitam atender a população mais carente do interior do Brasil, esta visão não é somente corporativista, mas, extremamente elitista, pois, a entrada de médicos estrangeiros não mudara em nada a situação salarial dos médicos brasileiros, mas, poderá mudar profundamente a lastimável situação da saúde pública.

As entidades da elite médica ficam procurando fantasmas, mas não se importam com os reais problemas da saúde do brasileiro. Desde o princípio posicionaram-se contra o Mais Médicos e chegou-se a aventar a possibilidade de boicote com inscrição em massa e depois desistência em massa, o que parece ter realmente ocorrido. E que se lixe saúde dos brasileiros.

A formação dos estudantes de medicina no Brasil parece focar-se somente no mercado e como tal instrui os profissionais a pretenderem trabalhar nos grandes centros onde há mais possibilidade de dinheiro. Sem nenhuma visão humanista, portanto.

Por Marcos Aurélio Ruy
Fonte: ujs.org.br

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