Se administradores de cidades ou estados cujos estudantes pioraram nas avaliações de desempenho educacional fossem proibidos por quatro anos de se reeleger, o ensino teria mais qualidade? Para melhorar os índices atuais, o deputado Raul Henry, do PMDB de Pernambuco, integrou a ideia às discussões do projeto de Lei de Responsabilidade Educacional (PL 7.420/06), que atualmente tramita em comissão especial na Câmara dos Deputados.
A Lei de Responsabilidade ¬Educacional propõe punir prefeitos e -governadores que descumpram as regras de investimento em educação por crimes de ¬responsabilidade, infrações -administrativas e atos de improbidade administrativa – à semelhança do que a Lei de Responsabilidade Fiscal faz pelo controle de gastos públicos.
Designado relator do projeto, Henry quer proibir a reeleição de prefeitos e governadores cujos municípios ou estados tenham registrado piora no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado pelo governo federal para medir a qualidade da educação pública.
Se aprovada, a legislação responsabilizará gestores pelo cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que também espera aprovação no Legislativo. Referência no planejamento das políticas públicas da área, o PNE não prevê punição aos gestores.
“Proponho uma possibilidade limitada de suspensão durante quatro anos, aplicável até o dia em que o município atingir as metas previstas no PNE: nota 6 no Ensino Fundamental I, 5,5 no Fundamental II e 5,2 no Médio”, diz Henry. Hoje, a média nacional no Ideb (que vai de zero a 10) é de 4,6, segmentada em 5 no Fundamental I, 4,1 no Fundamental II e 3,7 no Médio. Também preocupam os baixos desempenhos dos alunos em outros testes, como a Prova Brasil e o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), no qual o Brasil figura atrás de países latino-americanos como México, Uruguai e Chile.
O projeto institui avaliação periódica e jornada integral de ao menos sete horas no Ensino Fundamental e de cinco no Ensino Médio. Além disso, determina a criação de planos de carreira e de formação para professores. “Nosso grande problema é a qualificação dos profissionais e seu recrutamento. Infelizmente, a atividade hoje não tem atrativos”, diz Henry.
A intenção não é promover uma “caça às bruxas”, mas conscientizar os administradores públicos, ele diz. Além da má gestão pública, outros aspectos importantes colaboram para os baixos índices educacionais, como a participação da família e os problemas peculiares de cada região.
Raul Henry acredita que o texto pode passar na Câmara ainda em 2013 – faltariam as avaliações do Senado e da presidenta Dilma Rousseff. A mensagem, ele diz, é simples: “Tu não podes piorar o que já é muito ruim”.
Por Rafael Gregório, revista Carta Escola (edição 80, de outubro de 2013)
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